Os Emirados Árabes Unidos fizeram história nessa última terça-feira ao se tornarem a primeira nação árabe, e a quinta do mundo inteiro, a enviar uma sonda para Marte.
Os funcionários celebraram a importância simbólica da missão que, segundo eles, inspirará uma nova geração de jovens emiradenses e árabes a começarem sua trajetória na área da ciência.
O embaixador dos Emirados Árabes nos Estados Unidos, Yousef Al Otaiba, inclusive descreveu a missão de a “versão árabe da chegada à Lua, do presidente John F. Kennedy”.
Mas, o que levou o país do golfo a decidir, em 2013, dedicar recursos a um programa tão ambicioso?
Vista do Burj Khalifa, enquanto os Emirados Árabes Unidos esperam para a sonda Hope entrar na órbita de Marte (foto de arquivo).
Criar uma indústria local interplanetária
Embora, como em várias outras conquistas dos Emirados Árabes, a missão Hope tenha recebido apoio através do conhecimento de especialistas estrangeiros, uma meta claramente anunciada do programa foi a de desenvolver as capacidades dos Emirados nesse campo.
O governo dos Emirados Árabes explicou à equipe do projeto que simplesmente adquirir o equipamento necessário não era suficiente. A sonda teria que ser construída por engenheiros emiradenses.
Mais de 200 dos engenheiros mais brilhantes do país trabalharam no desenvolvimento da Hope, tanto homens quanto mulheres. Construiu-se a maior parte da sonda no Laboratório de Física Atmosférica e Espacial (LASP) da Universidade do Colorado, mas parte significativa do trabalho foi feita no Centro Espacial Mohammed bin Rashid, em Dubai.
Brett Landin, engenheiro do LASP, comentou em uma entrevista para a BBC que, depois de haver desenvolvido a sonda, os engenheiros dos Emirados Árabes estão atualmente em uma boa situação para construir uma espaçonave de forma independente.
Descoberta científica
A sonda Hope foi lançada da base espacial japonesa de Tanegashima, no dia 20 de julho de 2020, depois que dois lançamentos tiveram que ser cancelados devido ao mau tempo.
Ela está equipada com três instrumentos científicos de última geração planejados para coletarem dados sobre as condições no Planeta Vermelho.
O primeiro instrumento é o EXI, o Emirates Exploration Imager, um gerador de imagens, que vai estudar a baixa atmosfera de Marte usando luz visível, quase como uma câmera convencional. O EXI produzirá imagens de alta-resolução da superfície do planeta e medirá a profundidade do gelo utilizando tecnologia óptica.
EMIRS, o Emirates Mars Infrared Spectrometer, um espectrômetro de infravermelho, usará tecnologia infravermelha para medir a distribuição de pó, nuvens de gelo, vapores de água e distintas temperaturas ao longo da baixa atmosfera do planeta.
O EMUS é o Emirates Mars Ultraviolet Spectrometer, espectrômetro de ultravioleta, que usa luz ultravioleta para examinar os níveis de monóxido de carbono e oxigênio na atmosfera e estudará como seus níveis variam de maneira sazonal.
Inspiração para as futuras gerações
Nos discursos que cercam esta missão histórica, os líderes têm enfatizado avidamente a importância de inspirar uma nova geração de emiradenses a levar adiante o amor pela ciência.
Sendo um país que tem direcionado boa parte das suas indústrias no sentido de diversificar a rica economia petroleira, a missão dos Emirados Árabes a Marte foi um projeto claramente destinado a revelar um futuro brilhante para os emiradenses.
O Príncipe Herdeiro Sheikh Mohamed bin Zayed afirmou na terça-feira que os “jovens emiradenses serão os líderes do nosso desenvolvimento nos próximos 50 anos, com seu conhecimento adquirido e competência”.
“A Missão dos Emirados a Marte contribuiu para gerar um setor de emiradenses altamente qualificados, que dispõe das ferramentas para lograr mais façanhas no setor espacial”.
Traduzido do inglês por Graça Pinheiro / Revisado por Heloísa Dalcy