O dia 20 de janeiro foi o primeiro aniversário do início da pandemia na Itália, portanto no Ocidente. Até então, o mundo inteiro olhava para a China com pouca preocupação ou, talvez, com a secreta esperança de uma rápida queda do gigante asiático.
Mas o que aprendemos durante esse ano? O que vai nos servir para o futuro?
Uma primeira observação: não vimos, no mundo das instituições, nem dos poderosos, nem das grandes empresas, grande aptidão para aprender, nem vontade de se questionar, de buscar novas soluções. Ao contrário, vimos impulsos e comportamentos bastante antigos, um certo conhecimento que foi capaz de se transformar em arrogância.
Por outro lado, no mundo das associações, dos movimentos, nos indivíduos, especialmente os mais diretamente envolvidos, como médicos e enfermeiros, encontramos empatia, pesquisa, questionamento, estudo, soluções.
Mas vamos tentar entender qual foi o aprendizado deste ano.
Saúde de boa qualidade, gratuita e para todos
Os humanistas, e não apenas, vem dizendo, há cinquenta anos, que os cuidados de saúde devem ser de boa qualidade, gratuitos e para todos. Agora ficou evidente, necessário e urgente que para sair desta situação é preciso trabalharmos juntos.
A batalha a curto prazo é pela gratuidade dos tratamentos e das vacinas e a suspensão da patente. Mas, a longo prazo, a batalha é por uma medicina territorial, pelo fim dos cortes à saúde e pelo retorno da medicina preventiva e dos pequenos hospitais.
A Covid pode e deve ser tratada
Desde o início, houve pessoas que buscaram uma cura. Se há uma doença, precisamos de uma cura. Quanto mais uma doença é incurável, mais ela se espalha e mais pânico ela gera. Todos os dias recebemos novas notícias sobre possíveis curas, sobre as possibilidades de prevenção, sobre promissoras pesquisas em andamento. Em alguns casos teve controvérsias, mas na maioria as estatísticas são encorajadoras e estão se difundindo no planeta. Mas por que ainda se fala tão pouco disso? Há associações, como o Movimento Ippocrate, do qual já falamos tantas vezes, que organizou médicos e pessoas comuns para salvar vidas. O que as pessoas fizeram de forma espontânea e totalmente altruísta, deveria ter sido feito pelas instituições desde o início.
Emergência climática e ecológica
Já era fácil de se imaginar, mas a pandemia deixou clara a correlação entre poluição, concentração industrial, baixa qualidade de vida e a incidência do vírus. Mais poluição, mais mortes. No entanto, uma intervenção radical nos fatores de poluição ainda é coberta por uma montanha de greenwashing. Como lembra a Extinction Rebellion, “não há mais tempo”: é extremamente urgente uma mudança completa de paradigma, de prioridades, de intervenções.
Por quem é orientada a pesquisa e para onde é direcionada
Uma vacina pode ser produzida muito rapidamente, mas a mão do lucro se manteve firme. Como demonstram as fraudes que estão vindo à tona, os tratamentos existentes que foram boicotados, e os livros de denúncias, como “Sem Respiro”, de Vittorio Agnoletto, que foram boicotados ou ignorados. E o que Agnoletto e a Medicina Democrática estudaram e analisaram naquele livro? A política regional da Lombardia, que sempre esteve na vanguarda dos cortes ao sistema público de saúde, em nome do lucro privado.
Existem países, como Cuba, onde se viu claramente um sistema de saúde baseado no cuidado das pessoas, na seriedade da pesquisa científica, que primeiro trata os doentes e depois aplica uma vacina testada em 160.000 pessoas, não em alguns milhares. E para tirar eventuais dúvidas sobre os resultados da medicina territorial e do tratamento dos enfermos, é suficiente ver os números da ilha.
E os resultados das multinacionais que estão mais atentas à cotação em bolsa do que à pontualidade das entregas estão lá para todos verem.
Narrativa da mídia
Grande parte da imprensa de mainframe, muitas vezes, se dobrou às narrativas de governo, patrocinando cientistas da mídia, às vezes verdadeiros charlatões; ao fazê-lo, se esqueceu não apenas de sua função de controle e crítica ao poder, mas também de sua vocação educacional e informativa. Menos formadores de opinião e mais divulgação e informação. Nós descobrimos o valor da informação alternativa, mas ao mesmo tempo entendemos a importância de ser preciso, atento, verificar as notícias para não cair no mesmo erro de um sensacionalismo descuidado, superficial, às vezes repugnante.
A ciência não é neutra
Muitos dos numerosos erros cometidos estão ligados a uma mentalidade científica baseada não na pesquisa, no estudo, na crítica, mas em realidades dogmáticas e na crença de uma suposta neutralidade da ciência: a ciência não é neutra e a ciência médica, em particular, deve se preocupar em primeiro lugar com o que definitivamente cura o Ser Humano; se, em vez disso, trata do desenvolvimento de sistemas paliativos, como a enorme quantidade de psicofármacos ou tranquilizantes, deixa claro seu interesse econômico e não curativo. Vimos estudos científicos, evidentemente errados, cujo único propósito era desacreditar uma possível linha de tratamento por não estarem de acordo com os ditames das grandes empresas farmacêuticas, apenas para dar um exemplo.
O Ser Humano importa
Existem pessoas que fizeram a diferença; não gente famosa, mas gente anônima, que curou, trouxe comida, que atendeu ao telefone para falar com alguém que se sentia sozinho, que apesar das proibições continuou a se manifestar de modo civilizado, mas determinado, pelos direitos de todos. Porque a maior devastação da pandemia é o golpe infligido às relações humanas que não podem ser recuperadas em milhares de reuniões virtuais ou no ensino a distância. Que a tecnologia seja útil quando não é necessário abraçar, que nos livre do trabalho inútil e nos permita nos encontrarmos novamente.
Finalmente, um ano pode ser mais que suficiente. Somos perfeitamente capazes de exigir mudanças radicais, e está na hora de fazê-lo com a devida determinação, mas isso só será possível se as pessoas se unirem por objetivos comuns.
Traduzido do italiano por Cristiana Gotsis / Revisado por Stephany Vitelli