CRÔNICA
Por Alfredo Soares
Todos nós queríamos nos ver livres de 2020. Bem, ele já se foi. Mas será que apenas mudando a folhinha pra 2021 basta pra gente entender o que foi o ano passado? Creio que não.
A maior mudança é a de atitude em relação ao próximo, com a natureza, com a gente mesmo, nossa família e amigos. Entender o que ocorreu vai muito da espiritualidade de cada um.
A meu ver a natureza se moveu em relação ao descaso de que é vítima, se alimentando, enquanto mãe, de vidas. Afinal somos seus filhos e adubamos a terra com nossos corpos quando a hora chega. Sempre foi assim e assim será por todo sempre. Podemos citar variados momentos da humanidade, através de suas catástrofes, e verificar esse movimento repetitivo de pandemias e eventos que atingiram um grande número de pessoas, em várias partes do planeta, fazendo com que todos retornassem a mãe terra.
O problema é o nosso pacto com o erro. Não aceitamos os tratados entre as nações soberanas se isso nos impuser alguma restrição econômica. Continuamos agredindo a natureza como se dela não fizéssemos parte.
Tomara que vejamos a luz vermelha no fim do túnel e compreendamos, verdadeiramente, a nossa fraqueza existencial, traduzida tão claramente pelo consumismo exacerbado a despeito da agressão torpe aos recursos naturais e ao equilíbrio ecológico. As cidades crescem desordenadamente, exaurimos os recursos naturais sem o devido cuidado com as futuras gerações.
O homem virou o principal produto e não se dá conta. Ao dizimarmos matas, rios, povos naturais, animais e minérios de forma desordenada e inconcebível, estamos desconsiderando o grande efeito catastrófico que podemos produzir. Então, não basta mudar o ano, temos é que mudar a nós mesmos e compreender de uma vez por todas, que somos parte da grande solução para um ano que se inicia. Senão, não terá vacina que nos livre dessa autodestruição.
Que em 2021 a humanidade, como um todo, e a nós como indivíduos, nos movimentemos nessa direção.
Que seja de fato um novo ano com atitudes diferentes.