POEMA

 

 

Por C. Alfredo Soares

 

 

A noite
A música
A luz difusa do abajur
O lençol estendido
A parede branca
A tv desligada
E a cama vazia
A assepsia do quarto
Ao som de uma canção
O amanhã é incerto
Mas o sol entrará pela janela
Os pássaros piarão
O vento soprará
Levando o sono
Para mais um dia de labuta
Onde as impressões da noite adormecem
Na rotina do dia
Engolido pelos roncos dos motores
Pelos avanço dos sinais vermelhos
Pelo pão e vinho que se busca
Sem noção das horas e do juízo
Até outra noite chegar sorrateira
Se impondo como um espelho
Em frente a cama
Nos obrigando a olhar
Dentro dos nossos próprios olhos cansados
A noite sempre revela coisas ao pé do ouvido
Com a elegância de um serrote
Fatiando as horas
Na intimidade de quatro paredes