Por Santo D. Banerjee

“A fome é uma afronta em um mundo de fartura”, disse o secretário-geral da ONU, Antônio Guterres, ao órgão dirigente da agência de alimentos da Organização destacando o importante papel da segurança alimentar na consolidação da paz.

“Um estômago vazio é um buraco no coração de uma sociedade. O crescimento mental de uma criança atrofiada é um progresso para ela e para todos”, atestou o chefe da ONU para o Conselho Executivo do Programa Mundial de Alimentos (PMA), ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 2020.

O pano de fundo dessas observações em 14 de novembro é que, nos países em desenvolvimento, onde vive a grande maioria dos famintos, cerca de uma entre nove pessoas é considerada gravemente desnutrida e faminta. Mais de 800 milhões de pessoas vivem atualmente na pobreza, o que significa que não há alimentos suficientes para uma vida saudável e ativa. A Ásia é o continente com mais fome, respondendo por dois terços deste total, enquanto os países em desenvolvimento subsaarianos respondem por cerca de um terço da fome mundial de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde.

Na verdade, a Ásia representa mais de um terço da população mundial ou 1,3 bilhão de pessoas. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, cerca de uma em cada quatro pessoas na África Subsaariana está desnutrida.

Algumas pessoas presumem que a fome no mundo é um problema sério, porque simplesmente não há comida suficiente para alimentar a todos. No entanto, qualquer cientista que tenha estudado isso irá dizer que o mundo produziu alimentos mais do que suficientes para alimentar todas as pessoas neste planeta. Entretanto, a África Subsaariana é um dos únicos países do mundo onde, de acordo com o Índice Mundial da Saúde, mais de uma em cada quatro pessoas está subnutrida.

Esse nível de fome se deve à falta de recursos para comprar os alimentos que desejam, já que, mais de 800.000 pessoas sofrem de insegurança alimentar grave e não comem o dia todo.

O Leste Asiático deu continuidade ao padrão de crescente desenvolvimento e acesso aos alimentos, e o número de pessoas famintas diminuiu e continuará diminuindo. Algumas pessoas alcançaram estilos de vida de classe média e têm deixado o risco alimentar e a pobreza. Cada vez mais, os desafios que as pessoas e os legisladores da região enfrentam não são sobre uma boa nutrição, mas sobre uma dieta que não conduza à obesidade ou tenha um impacto excessivo no meio ambiente.

Mesmo assim, ainda, cerca de 2 bilhões de pessoas em todo mundo estão em dificuldades, incluindo pessoas descritas pela ONU como em situação de “insegurança alimentar”, o que significa que elas têm dificuldades de acesso aos alimentos.

O relatório também confirma que as mulheres têm mais probabilidade que os homens de enfrentarem insegurança alimentar de grau moderado à grave e que pouco progresso foi feito nessa frente nos últimos anos. No geral, as descobertas alertam que o objetivo da ONU de erradicar a fome até o final do século XX, ou seja, até 2030, está se tornando cada vez mais improvável.

O relatório estima que uma pandemia em desenvolvimento e uma recessão econômica associada levarão apessoas até 2030. A pandemia COVID-19 atingiu fortemente os países com pobreza generalizada, diz o relatório, piorando a situação. Todos os anos, entre 83 e 132 milhões de pessoas sofrem de desnutrição, segundo a Organização para a Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO) e o Banco Mundial.

Cerca de um quarto da população da África pode morrer de fome em 2030, número acima da média global de 19,1% de acordo com a FAO.

Desde então, a insegurança alimentar aumentou em todo o mundo e, com mais força, na África e na América Latina, especialmente, na América Latina. Na África, o número de pessoas com fome caiu 8 milhões desde 2010, embora o continente ainda represente mais da metade da população subnutrida do mundo. A tendência na América Latina e no Caribe se intensificou, com 1,5 milhão nos últimos dois anos, segundo a FAO.

Mais da metade das pessoas desnutridas do mundo – mais de 3,5 milhões – vivem em países de renda média.

Pela primeira vez no relatório anual, a agência mostrou que a fome não se limita às pessoas que regularmente não tem alimentos suficientes. Globalmente, de acordo com a FAO, 690 milhões de pessoas vão para as camas com fome todas as noites porque a comida é limitada, e mais de 1,5 milhão delas vão para a cama com o estômago vazio.

Desde 1990, quando as Nações Unidas estabeleceram a meta de reduzir pela metade o número de pessoas com fome até 2015, cerca de 2 bilhões de pessoas foram libertadas. Mas, desde 2014, o número de pessoas com fome tem aumentado lentamente. Em 2019, a ONU relatou que nos últimos três anos, após quase uma década de progresso, a insegurança alimentar, o tamanho e a intensidade da fome aumentaram e a qualidade de vida das pessoas que sofrem pela fome diminuiu.

A crise global da fome está crescendo e agora ameaça, com a pandemia COVID-19, a vida de comunidades vulneráveis em todo o mundo. Junte-se a nós nessa missão e ajude-nos a fornecer suporte crítico para aqueles que mais precisam.

O número de pessoas no mundo que não está recebendo o suficiente para comer aumentou e não há como garantir que ninguém morrerá de fome, de acordo com um novo relatório da ONU. O mundo tem feito progressos constantes para garantir que as pessoas não morram de fome e que as crianças tenham nutrientes suficientes para crescer e prosperar, porém, ainda há pessoas à beira da fome e poucos recursos que apontem que elas sofrem desse mal.

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Traduzido do inglês por Marcela APS Pedroso / Revisado por Luciana de Carvalho Leal

O artigo original pode ser visto aquí