POEMA
O que aprendi da vida nesse tempo volúvel
Ando tomando gosto pela transgressão
Não a transgressão criminosa
Que mata e destrói
Que deixa cicatrizes e dor
Essa não me atrai
Mas a transgressão do lugar comum
Do previamente estabelecido
Do socialmente aprovado
Essa sim, me interessa
Ando transgredindo regras
De dormir na hora certa
De acordar na hora certa
De vestir a roupa supostamente adequada à minha idade
De guardar a melhor roupa, o melhor colar, o mais lindo brinco pra uma ocasião especial
Transgredindo
Simplesmente transgredindo
E o gosto é novo
Não transgredi na adolescência
Nem sei se a tive
Transgrido agora
Já sem o peso do “dar certo”.
Nem a necessidade de aprovação
Transgrido em sonhos
Porque sonho agora
E não tenho vergonha disso
Transgrido em atos
Porque ajo agora
Mesmo sabendo que consequências virão
Se quero tomar uma taça de vinho, no meio da semana,
Não hesito, não me preocupo com a opinião de ninguém
Se quero, e posso, viajar, lá vou eu
Sem amarras
Desatando nós
Se sou solicitada a dar minha opinião
Faço-o sem qualquer preocupação com julgamentos alheios
Se não solicitam
Manifesto-me assim mesmo
Se quero ficar sozinha
Não me violento mais
Minha companhia me satisfaz
Aprendi a gostar da solitude
De ler e escrever poesias também.
Aprendi a olhar as questões de frente
Sem baixar os olhos
Mesmo que meu coração se apequene no momento
Pois sei que mais tarde terei orgulho de mim mesma
A vida é mais fácil assim?
Não. Mas é vida de verdade.
Tenho sonhos
Que poderão ou não se realizar
Isso importa pouco
Imprescindível mesmo é o sonho
E tenho ações
Que podem ou não agradar
Isso importa pouco
Necessário mesmo é o movimento feito
E movimento gira a engrenagem
Que ao completar seu ciclo
Transforma tudo ao seu redor
E me transforma também
Sou dona de mim mesma agora
Permeada por todas as lições aprendidas
Revirada por todos os conceitos desconstruídos
Acrescida dos conceitos em construção
Ao menos acredito que sou
E se acredito
Sou!
( 2016)
