CRÔNICA
Todo mundo já deve ter ouvido a expressão “o brasileiro deveria ser estudado pela NASA”, né?
Pois é, terei que me render a essa afirmação também. Ao menos no que diz respeito a um fato específico. O uso da máscara como prevenção/ proteção a COVID-19.
Sempre vimos pela pessoas pela TV, os chineses principalmente, utilizando máscaras no seu dia dia-a-dia, por causa do alto índice de poluição atmosférica. E continuam usando por causa da pandemia. Máscaras descartáveis, compradas em qualquer farmácia.
Mas o bra-si-lei-ro …
Com o brasileiro não poderia ser simples assim, o uso da máscara.
Vamos aos motivos:
Primeiro: Não haveria, nas farmácias e outros estabelecimentos, máscaras pra toda a população usar ao mesmo tempo, tendo que fazer o descarte de 3 em 3 horas, como orientam os protocolos da OMS.
Segundo: A maioria da população não teria condições financeiras para custear essas máscaras. Até porque ainda não há uma previsão para a descoberta e testagem da vacina adequada para imunizar toda a população.
Pronto, abre-se a possibilidade de confeccionar, de forma caseira, as benditas máscaras.
Perceberam o perigo?
Cria-se um novo nicho financeiro para nossos combalidos microempresários, trabalhadores informais e empreendedores, forçados, que sofrem horrores com a pandemia.
Aqui e ali aparecem fornecedores de máscaras.
E a cri-a-ti-vi-da-de?
Aparecem máscaras de todos os tipos e formatos. Não poderia ser somente uma máscara, tinha que ser um a-de-re-ço. Não poderia ser semelhantes às da farmácia? Discretas, branquinhas, verdinhas no máximo?
Não, para o brasileiro, não! Tem que ter style, como disse meu netinho de 5 anos, quando cortou o cabelo no estilo moicano, com o topete bem armado com pomada.
Brasileiro tem que ser estiloso, senão não é brasileiro.
Resultado: tem máscaras de todos os estilos, formatos e cores.
Tem de time de futebol, óbvio, de florzinha, de ninja, de esqueleto, de personagem de desenho animado, de super-heróis, até de calcinha, pasmem!
E as de paetês para as ocasiões especiais? Porque é claro que em isolamento social poderemos ir pra baladas sem pensar no amanhã!
Até nosso (?) Vice-presidente aderiu. Só usa de time de futebol… Em eventos oficiais, inclusive. Afff
Bem, está melhor que nosso(?) Presidente, que quase nunca usa e quaaaando usa, o faz de forma errada, debochadas e extremamente irritante.
Por falar no meu netinho, foi aniversário dele por esses dias e, como estamos em isolamento, minha filha enfeitou a sala da casa e comemoramos em 7 pessoas! Todas da família. Uma verdadeira festa! Cheguei à casa dele com uma máscara preta,com uma estampa branca do lado direito escrito SE CUIDA! E do lado esquerdo também uma estampa branca escrito: Como é grande o meu amor por você e um coraçãozinho vermelho.
Me sentindo a vovó carinhosa, consciente e cuidadosa.
Quando ele me viu, gritou:
Vovóóó, sua máscara é de Halloween também!!!
Eu: (sorriso amarelo). É….
Mas criativo (ou seria bizarro?) são as inúmeras formas de se usar. Verdadeiras alegorias e atentado ao bom senso. Vamos lá:
- máscara- curativo pra caxumba. É a que ganha disparado. É aquela que a pessoa usa no queixo. Lembram-se de antigamente, ops, algum tempo atrás quando alguém tinha caxumba? Logo tacavam-lhe um pano em volta do queixo, amarrando por cima da cabeça. A máscara-curativo é uma versão pós- moderna do paninho pra caxumba.
Quando vejo alguém usando desse jeito não sei se corro da COVID ou da caxumba. - máscara brinco comprido. É aquela que a pessoa usa pendurada numa orelha. Quando vejo uma assim já olho automaticamente para a outra orelha pra verificar se tem um brinquinho pequenino, combinando com o brinco comprido da outra. A referida orelha está protegidíssima.
- máscara bracelete. Também bastante usada. A pessoa se arruma, coloca a bendita enfiada no braço e sai por aí, protegida da COVID-19, tranquila.
- a última e também bastante interessante é a máscara de bolso. Legal, né? Você passa pela pessoa que vai calmíssima pela rua, sem máscara. Então alguém pergunta :
– E a máscara, não está usando? Não sabe que é perigoso?
A pessoa, ato contínuo, enfia a mão no bolso e saca … uma máscara!!!
Só Deus sabe em que condições está essa coitada, quanto tempo ela está ali naquele bolso, enfim…
O brasileiro tem ou não tem que ser estudado pela NASA?