Por Instituto Raoni
Ropni Metyktire conhecido por Cacique Raoni Metuktire, nasceu no estado de Mato Grosso, provavelmente, em 1930 é um líder indígena brasileiro da etnia Kayapó. É conhecido internacionalmente por sua luta pela preservação da Amazônia e dos povos indígenas.
Em 1954, quando o povo Mebêngôkre estabeleceu contato definitivo com os homens brancos, Cacique Raoni, tinha aproximadamente 24 anos, foi então que encontrou-se com os irmãos Villas Boas, aprendeu a falar a língua portuguesa e tomar consciência do mundo não-indígena. Conheceu o Presidente do Brasil, Juscelino Kubitschek e, em 1964, encontrou-se com o rei Leopoldo III da Bélgica, que estava em expedição pelas reservas indígenas no Mato Grosso e, em 1978, foi tema de um documentário indicado ao Oscar. O aumento do interesse dos meios de comunicação brasileiros pela questão ambiental fez dele um porta-voz natural da luta pela preservação da floresta amazônica.
Foi depois do encontro com Sting no Parque Indígena Xingu, em 1987, que o Cacique Raoni alcançou notoriedade internacional. Ele participou de uma conferência em São Paulo da Anistia Internacional, cujo impacto resultou na fundação da Rainforest Foundation, cuja prioridade era a demarcação dos territórios Kayapó, área até então, gravemente ameaçadas por invasões.
Em 1989, Cacique Raoni conseguiu mobilizar a imprensa mundial para a cobertura do encontro de Altamira contra a construção da barragem Kararaô, hoje Belo Monte e, com isso, o projeto foi abandonado. A grande turnê por 17 países, no mesmo ano, resultou no desbloqueio de fundos internacionais para a demarcação de terras indígenas brasileiras, bem como na tomada de consciência do público em geral sobre a necessidade de proteger a floresta amazônica e suas populações nativas.
Em 1993, uma área tradicionalmente ocupada pelos indígenas, situada entre os estados de Mato Grosso e do Pará, foi demarcada, constituindo uma das maiores reservas florestais tropicais protegidas do planeta. Outro resultado concreto dessa primeira campanha internacional de Raoni foi o desbloqueamento, pelo Grupo dos Sete, de fundos para a demarcação das reservas indígenas brasileiras. Além desses resultados, um dos maiores sucessos da campanha de 1989 foi uma tomada de consciência do grande público da necessidade de proteger a floresta amazônica e suas populações nativas.
Raoni conquistou o apoio de importantes lideranças como Fraçois Mitterrand, Jacques Chirac, Juan Carlos, Rei da Espanha, Charles, o Príncipe de Gales e o Papa João Paulo II, além dos presidentes franceses Mitterrand, Jacques Chirac, e mais recentemente Emmanuel Macron.
Cacique Raoni realizou inúmeras viagens pelo mundo, a contar com uma visita esquimós da costa norte de Québec, no Canadá, em 2001, no Japão em 2007 e 2014, além dos países europeus nos anos de 2000, 2001, 2003, 2009, 2012, 2015, 2017, 2019.
Em 2001, o Cacique Raoni juntamente com outros indígenas Mebengokrê fundaram o Instituto Raoni, organização não governamental, formada para defender os interesses das comunidades indígenas no fortalecimento para proteção de seus territórios, para o desenvolvimento de atividades que promovem o uso sustentável da biodiversidade e diminuam sua vulnerabilidade ao envolvimento com atividades predatórias. Tem por missão defender os interesses das comunidades indígenas no fortalecimento de suas capacidades para a proteção de seus territórios e recursos naturais, apoiando o desenvolvimento de atividades alternativas sustentáveis que promovam o uso sustentável da biodiversidade e diminuam sua vulnerabilidade ao envolvimento com atividades predatórias, além de proporcionar a geração de renda e a valorização da cultura dos povos Kayapó (Mebengôkre), Panará, Trumaí, Tapayuna, Juruna e especialmente as que estão localizadas nas Terras Indígenas Capoto/Jarina, Panará e sul da Terra Indígena Menkragnoti.
Durante uma turnê européia realizada em 2010, Cacique Raoni declarou guerra contra a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, com isso, conquistou novos apoios internacionais como o de James Cameron, Signourney Weawer e Arnold Schwarzenegger, e de muitos atores e personalidades nacionais que participaram de campanha de esclarecimentos sobre o tema.
Uma nova campanha foi realizada em 2019, onde Cacique Raoni advertiu ao mundo sobre o desmatamento na Amazônia, alertando sobre as ameaças vindas do agronegócio, garimpeiros e madeireiros que exploram a floresta, que abriga os povos indígenas. A agenda incluiu encontros com chefes de Estado da França, Bélgica, Suíça, Luxemburgo, Mônaco e Itália, entre eles o Papa Francisco no Vaticano, As lideranças indígenas seguem em busca de apoio que garantam a defesa, proteção e condições para o fortalecimento sociocultural e territorial de seus povos.
Atualmente com uma idade avançada, aproximadamente 88 anos de idade, o Cacique Raoni representa um símbolo vivo da luta para proteção da natureza, dos povos indígenas, da luta pela vida, um símbolo de dignidade, simplicidade e honestidade, sendo respeitado e aplaudido pelo mundo por seu legado e histórico de vida incontestáveis por quem realmente conhece e entende de Políticas Públicas e de Direitos Humanos.