CULTURAS

 

 

Tecnologia do mundo ocidental:

telhas de alumínio,

armadores de ferro,

homens como máquinas.

A chuva grossa cai

e as telhas batem uma contra a outra

com violência

e não deixam repousar.

A rede balança

e o armador de ferro, come seu ruído estridente,

não deixa repousar.

Os homens, que já são máquinas,

com esses barulhos nem se incomodam mais,

e minha exigência de silêncio não sabem entender

e, tampouco, respeitar.

 

Maloca do mundo primordial:

a chuva grossa cai e, imperceptível,

bate contra o teto de folhas de ubim,

para o sono conciliar.

A rede balança e a corda de curauá,

sem ruídos, esfrega contra o pau,

para o sono conciliar.

Entre os yanomami, homens ainda,

meu mundo de máquinas posso esquecer

e minha exigência de silêncio,

em plenitude, posso viver.