CULTURAS

 

 

Não foi em Calcutá, não, foi em São Paulo.

Passei umas vezes por aquela rua

e ele aí, sentado no chão.

Um pesado e escuro capote do qual saíam:

uma cabeça de velho esquelético,

uma mão segurando um saquinho de plástico

com algo para comer,

um olho-de-mijo.

Nada mais,

nem uma Madre Teresa por perto.

 

Porako, o mais velho dos Wakathautheri,

pai de uma só filha natural

e de muitos filhos adquiridos.

A mulher alimentando a fogueira.

As filhas oferecendo os produtos da coleta.

Os genros trabalhando na roça dele

e caçando para ele.

Ele, que quase não anda mais,

deitado na rede,

ninando os netos.