POEMA
Sinto raiva quando olho lá pra fora
e vejo o mundo cheio de desejos
desesperados por existir de qualquer maneira,
de qualquer jeito e sem cuidado.
Sinto vontade de gritar!
e mandar todo mundo congelar, um minuto,
pra pensar, um pouquinho, e pra sentir…
e perceber a monstruosa montanha de angústia
que está se formando pelo acumulo de torpes vontades,
de vontades violentas, pela falta de um amor crescente,
como a fase da lua.
Eu achava que era tempo de brotar um encantamento bonito
e verdadeiro em cada coração…
e até mesmo um sentimento salutar de fracasso…
o fracasso dos valores velhos do vazio
e opostos a uma nova humanidade…
Com erros e acertos, acredito, que nós já
tínhamos de estar em outra “coisa”,
em um mundo novo cheio de mistérios desconhecidos
sobre viver, cheios de novas formas até de errar.
E se houvesse, ainda, competições, que fossem
por inéditos motivos, nunca antes vislumbrados…
“Aposto uma corrida pra saber que ama mais…”
“Jogo uma partida pra ver o time mais solidário…”
E ninguém seria campeão até o dia histórico dos empates.
Esse mundo não está visível… e eu sou imperfeito,
sinto raiva, quero quebrar um jarro de vidro para extravasar…
quero ter uma meia horinha de choro compulsivo…
e me aproximar da terra da catarse…
E respiro, fundo, firme…
Depois me acalmo e lhe vejo galgando lucidez e paz…
e percebo que você traz, no coração e na mente,
um país cheio de esperanças e oportunidades…
apesar do mundo lá fora…
Lhe abraço e recebo essa calma…
Fecho os olhos e me deixo acreditar de novo…
Ouço, no seu peito, o barulho tranquilo
da utopia percorrendo as suas veias…
Cláudio Lessa