Por Emanuela Castro
Para marcar o mês que se celebra o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, organizações de mulheres lançam a campanha Eu Voto em Negra nas mídias digitais. No dia 23 de julho, realizam um twittaço, às 11h, e uma live de lançamento, às 16h, pelo canal do Youtube da campanha euvotoemnegra. A campanha que usa a hastag #EuVotoEmNegra é uma iniciativa do Projeto Mulheres Negras e Democracia.
Em um ano atípico de eleições, as disputas políticas ocupam também as redes sociais, e foi visando esse período de isolamento social que a Campanha #EuVotoemNegra irá incentivar o voto em mulheres negras no meio digital. Mesmo as mulheres sendo 52,5% das eleitoras no Brasil, tem baixa representatividade nos cargos políticos.
Segundo o Mapa Mulheres na Política 2019, um relatório da Organização das Nações Unidas e da União Interparlamentar, no ranking de representatividade feminina no Parlamento, o Brasil ocupa a posição 134 de 193 países pesquisados, com 15% de participação de mulheres. São 77 deputadas em um total de 513 cadeiras na Câmara, e somente 12 senadoras entre os 81 eleitos. Já no ranking de representatividade feminina no governo, o Brasil ocupa apenas a posição 149 em um total de 188 países. O atual governo tem somente 9% de representatividade feminina, com apenas duas mulheres entre os 22 ministros. A média mundial é de 20,7%.
Com as eleições anunciadas para 15 de novembro, os partidos já começam a dialogar sobre as candidaturas. “Esse é um momento importante para os partidos mostrarem se são antirracistas ou não. Apoiar candidaturas de mulheres negras significa representatividade da maioria da população brasileira. E a campanha vem para estimular a sociedade a refletir sobre a necessidade de uma maior representatividade nos espaços de decisão de nosso país”, disse Piedade Marques, da Rede de Mulheres Negras de Pernambuco.
No último dia 30 de junho, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) colocou em pauta a discussão e, posteriormente, a votação sobre a distribuição proporcional do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) e do tempo de propaganda eleitoral para candidatos negros. Importante discussão visto que na última eleição da Câmara dos Deputados, de acordo com dados do estudo da FGV Direito, as mulheres negras eram 12,9% das candidatas e receberam 6,7% do dinheiro dos partidos destinados à campanhas, enquanto que os homens brancos eram 43,1% dos candidatos e receberam 58,5% do dinheiro dos partidos destinados à campanhas. Se for aprovado, isso vai fazer com que os partidos sejam obrigados a distribuir de forma mais igualitária os seus recursos.
A campanha é uma realização da Casa da Mulher do Nordeste (CMN), Centro das Mulheres do Cabo (CMC) e Movimento da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste (MMTR-NE). Em parceria com a Rede de Mulheres Negras de Pernambuco, Rede de Mulheres Negras do Nordeste, Enegrecer a política e Meu Voto será Feminista. E o apoio do Fundo de Mujeres Del Sur, uma fundação que promove os direitos das Mulheres e pessoas LGBTQI+ na Argentina, Uruguai e Paraguai.
Mulheres Negras e Democracia – O Projeto tem o objetivo de fortalecer Mulheres negras rurais e populares a partir da perspectiva feminista decolonial para enfrentar os contextos de crise democrática no Brasil e na América Latina, a partir do trabalho de lideranças, voz-agência e participação política das mulheres.
Serviço:
Lançamento da Campanha Eu Voto em Negra
Twitaço às 11h e Live às 16h
Youtube: /euvotoemnegra
Telefone da Campanha ::: (81) 9882-0033