Vivemos um Momento Sagrado que tem sido celebrado por tantas e diversas culturas. Para os Povos Nativos de Abia Yala, nas regiões do Cone Sul do mundo, as celebrações geralmente começavam na noite de 18 de Junho. O momento mais importante foi sempre a madrugada de 23 de Junho, que, ao contrário da noite anterior, é menos longa e menos terrivelmente escura, constituindo assim uma promessa de que os dias vindouros serão cada vez mais luminosos e de que o Sol renascerá.
O povo Mapuche, os povos Incas (do Peru, Bolívia e Equador) celebram os Rituais do Inti Raymi, e do We-Tripantu . Eles cantam ao Sol e à Pachamama, e embora esteja muito frio, estas valentes pessoas submergem-se nos gelados rios da montanha para celebrar o Sol Nascente.
Assim, neste sábado 20, o povo mapuche comemora o We Tripantu (novo ano ou novo nascer do sol) ou Wiñol Tripantu (regresso do ano). Do mesmo modo, o povo aymara celebra o Machaq Mara (ano novo) ou Mara Taq’a (divisão do ano), enquanto que para o povo quechua esta data se chama Inti Raymi. Por outro lado, o povo Rapa Nui celebra o Matahiti; (ano novo), evento que está em processo de revitalização nesse território.
Os povos Colla, Chango e Diaguita comemoram a data como “solstício” ou “ano novo” e o povo Lickanantay celebra a “mudança de ciclo”. Entretanto, o povo tribal afro-descendente chileno também celebra este evento em Arica e Parinacota com a celebração de “San Juan”. Os povos Kawésqar e Yagán do sul, dada a sua localização geográfica e o ecossistema onde habitam, que determina a sua concepção de tempo e do espaço, intimamente ligados aos fiordes e canais do extremo sul, têm uma relação diferente com os ciclos da natureza, e por isso o seu conceito de ciclos temporais é outro.
Este ano, com toda a cordilheira dos Andes submersa nos piores momentos da pandemia mundial, quando o frio e a escuridão da noite se juntaram à doença e à morte, tem ainda mais significado esperar pelo amanhecer e oferecer os rituais do Wetripantu, mesmo que seja dentro de portas.