PROSA
Depressa… se acalme.
Corro porque há tantos caminhos a ir e passa pouca condução pelo adiantado da hora e pelo frenesi dos passageiros.
Eu sou um deles, peito ofegante tentando chegar o mais rápido que posso… Mas onde? Não tenho um lapso muito grande de tempo a lhe dar agora, apenas ouça a minha sugestão… se acalme o mais depressa possível e corra em direção a estação da paz, desacelerando rapidamente os seus egoísmos e as suas prisões.
Estou acelerando o passo e lhe falo assim, olhando pra trás, para não perder aquele trem que vai me deixar adiante e distante… Mas de quê?
Quanto a nós, me desculpe, minha vontade era sentar contigo numa praça arborizada pra lermos poesia e falarmos do fim de todas as guerras e plantarmos no solo os nossos exercícios de liberdade, soltando pássaros da gaiola, abrindo a jaula dos elefantes, quebrando as algemas dos detentos, derretendo as grades dos hospícios… e nos enlouquecendo de mil saúdes.
Ouço o apito da hora de ir e lhe deixar com a mente cheia de pontos interrogativos e o semblante tão assustado quanto o meu.
Mas preciso ir, estou atrasado para alguma coisa da qual agora não me lembro. Entretanto, recebe o meu segredo e faz dele uma pequena festa que atinja os seus emaranhados desesperos… Se acalme…
Nenhum lugar que queira ir será o horizonte se você tiver tanta pressa, tanta angústia, tanto medo…