Nunca antes na história do Brasil, houve um ministro da educação chamado, Abraham Weintraub. De difícil pronúncia e trato, o escolhido de Jair Bolsonaro, para a pasta da educação sempre gostou de chamar a atenção, e, o fez, principalmente, pela incompetência com a qual comandou o ministério durante os 14 meses que ficou no cargo.
Conhecido nas redes sociais pela militância em defesa do presidente e os inúmeros erros de português, Weintraub, saiu do governo cometendo, talvez, o maior de seus erros e levando junto, a assinatura de Jair Bolsonaro.
Há forte suspeita, que Weintraub, teria se beneficiado da condição de ministro de estado para desembarcar nos Estados Unidos, ludibriando as autoridades daquele país, que restringiu a entrada de brasileiros e, de qualquer pessoa procedente do Brasil, em decorrência da Covi-19. Todos os viajantes procedentes do Brasil devem passar por uma quarentena. O ex – ministro, indicado por Bolsonaro, a uma diretoria do Banco Mundial, e investigado pelo Supremo Tribunal por ataques à Corte e aos ministros é, também, agora na primeira instancia , por crime de racismo, e possivelmente, tenha se beneficiado de documentação diplomática para entrar nos Estados Unidos, sem passar pela quarentena.
Ao que tudo indica, a saída de Weintraub do Brasil, às pressas, pode ter sido mais um ato impensado ou, muito bem pensado, já, que, numa edição extra do Diário Oficial, foi publicada uma retificação sobre a data de exoneração do ministro da educação, quando ele já estava em solo americano. E por falar em edições extraordinárias, no governo de Jair Bolsonaro, estão se tornando corriqueiras as retificações no boletim oficial de informações sobre os atos do governo. Foi assim, no caso da exoneração do diretor da Polícia Federal e também da secretaria de cultura. É fake news com a chancela do governo brasileiro.
Sim, a saída e viagem de Weintraub para os Estados Unidos, e a retificação da exoneração no Diario Oficial, de acordo com o subprocurador geral do Tribunal de Contas da União ( TCU) , Lucas Furtado, além de ilegal, configura que houve fraude em todo o processo. “Antes, era ilegal e parecia haver fraude. Agora, confirmou”, disse Furtado ao requisitar que o Tribunal de Contas, avalie se houve participação do Itamaraty na tramoia.
O episódio envolvendo o ex-ministro da educação é só mais um, dos muitos atos sem explicação do governo Bolsonaro.
A secretaria-Geral da Presidência, responsável pelos atos administrativos, apesar da retificação na data de exoneração não explicou o motivo da demora ou o porquê do erro. Questionado, o Ministério da Defesa, pediu prazo para dar a informação de Weintraub tinha deixado o país em avião de carreira, mas até o momento não se pronunciou. O MEC, por sua vez afirmou que o ex- ministro deixou o Brasil num avião de carreira, mas que pagou as despesas do próprio bolso, sem no entanto, apresentar nenhum documento que comprovasse o pagamento.
Já em solo americano, Weintraub publicou nas redes sociais, que temia ser preso, mas que agora estava em segurança. Na sua conta no twitter, ele disse que recebeu a ajuda de dezenas de pessoas para deixar o Brasil. “Agradeço a todos que me ajudaram a chegar em segurança aos EUA, seja aos que agiram diretamente [foram dezenas de pessoas] ou aos que oram por mim”, publicou Weintraub.
Para o subprocurador do TCU, Lucas Furtado, a viagem de Weintraub não teve caráter oficial e portanto, sem finalidade pública e por isso, o passaporte diplomático não deveria ter sido utilizado. “Se houve o emprego de valores públicos em qualquer fase desta viagem, esses recursos foram indevidamente empregados e deverão ser ressarcidos ao erário”, informou o sub-procurador Lucas Furtado.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia foi irônico ao comentar a saída de Weintraub. “”Estava fugindo de alguém? Estranho né? Vai ser a primeira vez na história que alguém diz que está exilado e tem o apoio do governo. Geralmente é o contrário, as pessoas fogem porque estão sendo perseguidas por um governo. É uma coisa [saída] meio atabalhoada”, ironizou Maia.
Rodrigo Maia disse também que não conseguiu entender o sentido da saída e completou que “ninguém está sentindo falta dele no Ministério da Educação. Ninguém queria que ele ficasse no Brasil de qualquer jeito, porque de fato é uma pessoa que mais atrapalhou do que ajudou”, concluiu.
O certo é que para todas as versões que se apresentem para a saída de Weintraub, do ministério da educação e do Brasil, o fato mais evidente é que sua gestão foi pífia, assim como todas as ações do governo que ele representava. Em meio a pandemia, onde milhões de estudantes estão sem aula presenciais e uma outra boa parte, sem acesso às aulas remotas, por falta de infraestrutura de internet no país, o governo Bolsonaro, continua fabricando crises para esconder a sua total incompetência administrativa. Agora, nesse caso, além de crises, está dando sinais que começa a fabricar provas contra a si mesmo. Já dizia o ditado – para quem sabe ler, um pingo é letra.
Enquanto, o governo brasileiro, defende a indicação de Weintraub para o Banco Mundial, a associação de funcionários da entidade enviou uma carta para a comissão de ética do banco criticando a indicação.
A repercussão da indicação foi extremamente negativa e em um trecho do documento, a associação pede a suspensão da indicação até que ele reveja algumas de suas declarações — como a de não aceitar o termo “povos indígenas”.