Secretário-geral fala de “retrocessos na busca de uma solução de dois Estados e planos de retoma de negociações”; Autoridade Palestina perdeu 80% da receita mensal por recusar impostos que Israel recolhe em seu nome; enviado especial da ONU pede uma chance para a diplomacia.
O Conselho de Segurança debateu, esta quarta-feira, a situação no Oriente Médio, com participação de ministros de Estados-membros, do coordenador especial da ONU para o Processo de Paz na região, Nickolay Mladenov, e do secretário-geral António Guterres.
O chefe da ONU abriu a reunião alertando sobre “um momento decisivo”. Guterres pediu a Israel que abandone “planos de anexação” de territórios na Cisjordânia. Segundo ele, uma possível anexação poderia “minar de forma grave o direito internacional, prejudicar gravemente a perspectiva de uma solução de dois Estados e debilitar as possibilidades de renovação de negociações.”
Autoridade
Guterres mencionou a decisão unilateral da liderança palestina de se retirar de todos os acordos com Israel e Estados Unidos.
O secretário-geral citou ainda a crise da Covid-19, a redução do apoio de doadores e a recente decisão da Autoridade Palestina de não aceitar impostos que Israel recolhe em seu nome como parte da oposição aos planos de anexação.
Até agora, a situação levou à perda de 80% da receita mensal da Autoridade Palestina, segundo o coordenador especial para o Processo de Paz no Oriente Médio. Nickolay Mladenov alertou que essa lacuna “não pode ser preenchida por doadores.”
Incerteza
Com o aumento da incerteza econômica, os mais vulneráveis são palestinos isolados em Gaza e “sob o controle do Hamas há mais de uma década”. Mladenov alertou para a falta de tratamento essencial com o fim da coordenação civil.
Ele destacou que a ONU e outras organizações têm sido cada vez mais solicitadas a assumir tarefas de coordenação.
O enviado disse que com a redução da perspectiva de uma solução negociada de dois Estados surge o espectro de fúria, radicalização e violência.
Mensagem
Para o coordenador, a ameaça de anexação de áreas da Cisjordânia tem implicações legais, na segurança e na economia. Mas também enviará “uma mensagem de que negociações bilaterais não podem alcançar uma paz justa”, o que segundo ele não se pode permitir.
Mladenov alertou que “nada de bom pode resultar do colapso do diálogo e da comunicação”. Ele pediu que seja dada uma oportunidade à diplomacia para resolver a atual situação no Oriente Médio.