MUSICA
Definitivamente, a caneta bic da presidência da a república brasileira só funciona quando a pauta é de interesse do próprio governo, sua família e da horda de seguidores – militares inconsequentes e empresários que financiaram sua campanha de ódio durante as eleições de 2018.
Desde que Messias assumiu a presidência e transformou o gabinete presidencial numa granja onde se chocam ovos de aves de rapina que se alimentam de crises, a economia brasileira só apresentou resultados pífios e diversos setores se tornaram anacrônicos, não por culpa da pandemia da covid-19, mas pelo caminhar natural do projeto suicida que foi referendado nas urnas. E um dos setores que mais perde, nesse famigerado programa de governo é a cultura e, nas suas mais diversas manifestações.
Entendemos por Cultura o conjunto de manifestações populares que representam a identidade de um povo. Nos últimos dois anos, o palco ficou vazio, as grandes telas do cinema apagadas, as danças, as giras, as festas, todas as manifestações culturais foram interrompidas por causa da ineficiente proposta desse governo para o setor. E com o distanciamento social, em decorrência da pandemia, a situação se agravou. Se não fosse o vírus daria para dizer que tudo foi feito de caso pensado.
O drama acontece em todos os setores culturais, desde que o Messias transformou o ministério da Cultura em uma secretaria, subordinada ao ministério da Cidadania e depois voltou atrás, a transformando num puxadinho do Ministério do Turismo. A artimanha criou impasses nos cronogramas dos projetos, colocando a cultura brasileira numa espécie de purgatório.
O desmando, como já disse, faz parte do projeto, pois a tática de mudar tudo e depois voltar e mudar tudo de novo, engessa a industria cultural e com isso, nada se produz. Suspende-se as verbas públicas para o setor, que o presidente elegeu como inimigo do seu governo e para colocar ainda mais drama nessa novela de quinta, aparece um vírus que mata.
O projeto de desmonte está claro, só não vê quem não quer . Mas, nesse umbral, a luz resiste. Muitos artistas reconhecidos estão arregaçando as mangas na tentativa de sobreviver e ajudar outros menos afortunados. A solidariedade nas lives e em outras iniciativas têm contribuído para salvar muitos profissionais da inanição.
A tática bolsonarista pode está se tornando mais um tiro no pé desse Messias que não sabe fazer milagres. Uma onda de criatividade está tomando conta das redes sociais e, trazendo para o picadeiro Brasil, muito mais do que a alegoria do pum de um palhaço – a arte brasileira reaprendendo o valor da critica, do protesto e, por que não dizer, do instinto de sobrevivência.
Um grande manancial criativo se espalhou pela rede e, começou a dar voz e vez a vários nichos culturais que sempre estiveram à margem do sistema. Novos artistas aparecem no em vários cenários e, todos , caminhando com as próprias pernas, o que garante uma arte original sem a censura dos grandes patrocinadores.
Para exemplificar esse fenômeno, durante duas semanas, garimpei na internet muitas iniciativas que valem à pena ser vistas e ouvidas. Um vasto repertório com nomes pouco ou nada conhecidos pelo grande público. Artistas vibrantes que trazem um conceito, literalmente apocalíptico para a cultura brasileira.
Um desses nomes, vem de Minas Gerais, considerado por muitos, um grande berço da cultura nacional, pelo respeito às tradições, mas muito mais pela contemporaneidade e aliança com os princípios da liberdade de pensamento que devem nortear a arte.
Em tempos de opressão política e de ameaças como a pandemia, Tiago Nonato, produtor, compositor e músico mineiro está fazendo muito bem o dever de casa.
Com a obra “ Pandemia Brasil” , o artista cria uma peça musical e cinematográfica numa perspectiva sombria dos anos de 2020. Na obra estão presentes vários elementos comuns à musicalidade brasileira, mas o que mais chama a atenção na produção é a identificação visceral com o movimento mangue beat. O artista aproveita-se da narrativa histórica brasileira -sobre as origens da desigualdade, da pobreza, da injustiça, da corrupção e da miséria – e nos leva a pensar. “Pandemia Brasil” pode ser alçada, nesse contexto atual, como uma aula sobre o Brasil que subjuga desde o seu descobrimento, a maioria de sua população. O covid-19, presente na peça, chega a ser irrelevante frente ao impacto escancarado que o grito do artista e da obra produzem no espectador.
Um pouco sobre o artista
Tiago Nonato é um artista brasileiro, de Belo Horizonte, que se dedica ao estudo da música há 22 anos. O jovem artista de 32 anos é multi-instrumentista, cantor, compositor, intérprete, diretor artístico, produtor musical e cultural, teólogo, administrador, analista de tecnologia da informação, estudante de filosofia, além de escritor .
“Pandemia Brasil “ é o próprio Brasil contando e cantando sua história, sua realidade cruel, além do grito de liberdade, igualdade e fraternidade que está há séculos preso na garganta da Nação!
São produções como esta Tiago Nonato que estão se multiplicando pelo país nesse tempo de isolamento social e de obscuridade política. Oxalá, nos permita, que pós pandemia, o público brasileiro consiga ser servido por um menu menos integrado ao sistema cultural de mercado e possibilite que jovens artistas floresçam com sua arte e manifestação num novo país que estamos tendo a oportunidade de construir. Cultura é construção diária é o saber ouvir e ecoar tradições e o novo em cada nota, cada linha ou em qualquer palco que nos reconduza ao pensamento crítico, que a humanidade perdeu quando se transformou em boiada a caminho do matadouro. Arte é vida e é para todos.
Ficha Técnica
Letra e Música – Tiago Nonato
Vocais, Guitarra, Baixo, Rodhes e Produção audiovisual – Tiago Nonato
Direção Geral – Tiago Nonato
Co-Direção – Sol Rocha
Design, Make e Figurino – Pitty Design, Raíra Rovane e Sol Rocha.
Produção Audiovisual – Nona Sinfonia Produções