Conheci o Aldir antes de saber quem ele era, quando ouvi junto com o Betinho, a música o Bêbado e a Equilibrista.
Ainda estávamos exilados no México, aquela canção já anunciava a volta do meu pai ao Brasil.
Lembro até hoje da sua emoção ao ouvir a Elis cantando que o Brasil sonhava com a volta do irmão do Henfil.
Quem resistiria a Elis e a uma música tão linda, que virou o hino da Anistia?
Betinho voltou, lutou pela democracia, contra a AIDS, contra a fome, mas principalmente pela solidariedade e a cidadania.
A primeira vez que encontrou o Aldir lhe disse carinhosamente: “voltei por causa da sua música, seu filho da puta!”
O descaso do poder público com o sangue contaminado matou o meu pai de AIDS.
O descaso do poder público com a saúde matou o Aldir, e ainda vai matar milhares de outros brasileiros.
Betinho voltou ao Brasil em plena ditadura.
Aldir nos deixa quando uma outra tenta voltar.
Ambos estão juntos agora, com o Henfil e o Chico Mário.
E eles nos cobram exatamente o que fizeram a vida toda: resistir ao autoritarismo e lutar pela democracia.
Salve Aldir!
Daniel Souza
Presidente do Conselho da Ação da Cidadania.