A Justiça Global enviou nesta sexta-feira (22) um informe à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) denunciando a escalada de ataques contra defensoras e defensores de direitos humanos no Brasil, no contexto da crise sanitária provocada pelo novo coronavírus (Covid-19). Desde 26 de fevereiro, quando foi confirmado o primeiro caso de Covid-19 no país, a 20 de maio, foram registrados 06 assassinatos e 03 casos de ameaças, a maioria deles decorrentes de conflitos no campo e na floresta, mais de 90% aconteceram nas regiões norte e nordeste.
Para Sandra Carvalho, coordenadora da Justiça Global, “esses ataques demonstram um oportunismo dos poderes políticos e econômicos que se aproveitam do momento de isolamento social para violar direitos e cometer crimes”. Ela destaca que esse triste cenário pode se agravar caso passe no Congresso o PL 2633/20, que trata da regularização fundiária de imóveis da União. “Além de possibilitar a usurpação de terras tradicionalmente ocupadas, ele aumentará exponencialmente a violência no campo”, conclui.
No documento, a Justiça Global também sinaliza preocupação com o aumento das invasões de madeireiros e garimpeiros em territórios indígenas, que nesse período de pandemia pode levar ao genocídio de povos inteiros se não forem adotadas medidas de proteção. A denúncia internacional à CIDH insere-se em um contexto de ampla mobilização da sociedade civil contra o aumento das violências no contexto da pandemia de Covid-19 no Brasil e a preocupação com as crescentes violações que ela pode desencadear.