Por Sul21
A bancada do PSOL na Câmara dos Deputados protocolou, no início da tarde desta sexta-feira (24), um ofício junto à Procuradoria Geral da República (PGR) solicitando ações urgentes contra as interferências do presidente da República em investigações em curso e para preservação de indícios e provas de investigações em curso.
O pedido é baseado nas declarações dadas pelo agora ex-ministro da Justiça Sergio Moro pela manhã, quando anunciou o seu pedido de demissão do cargo. “A coletiva de Sergio Moro – que mais pareceu uma delação – demonstrou mais uma vez que Bolsonaro está cometendo inúmeros crimes para proteger a si e a seus filhos. Bolsonaro não passa de um criminoso, ele não pode continuar!”, disse a líder da bancada, a deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS).
O ex-ministro desmentiu o presidente Jair Bolsonaro, ao afirmar que o ex-diretor da Polícia Federal (PF) Maurício Valeixo teria pedido para deixar a instituição. Além de não ter sido comunicado da exoneração de Valeixo, publicada no Diário Oficial da União na manhã desta sexta-feira, Moro ainda afirmou que não assinou a demissão de Valeixo, apesar da sua assinatura eletrônica constar na publicação.
Moro disse que Bolsonaro teve a intenção de interferir politicamente na Polícia Federal, não apenas na direção-geral, mas nas superintendências regionais. Além disso, disse que o presidente afirmou expressamente que queria uma PF subordinada a ele, que ele tivesse acesso pessoal à cúpula da PF para interferir em investigações em andamento e inclusive ter acesso a relatórios de inteligência.
Moro disse ainda que Bolsonaro também gostaria de ter acesso a inquéritos que correm no Supremo Tribunal Federal e manifestou a ele preocupação com essas investigações. Ele lembrou, durante o seu discurso, que nem os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, seus notórios adversários políticos, fizeram coisa semelhante.