Bloco de rua trouxe para a folia manifestações políticas

Marina Duarte de Souza
Brasil de Fato |

“A nossa luta é por respeito, mulher não é só bunda e peito. A nossa luta é todo dia contra o machismo, racismo e homofobia”, este é um dos trechos das marchinhas puxadas pelo Acadêmicos da Ursal neste sábado, dia 15, pelas ruas do bairro Bela Vista em São Paulo.

O bloco é um dos 644 blocos, que farão 678 desfiles, na capital paulista entre os dias 14 de fevereiro a 01 de março, e soma aos grupos que fazem do carnaval também uma manifestação de resistência.

“A ideia é aproveitar o carnaval que é uma festa e também é um tempo de protesto. A gente aproveita o carnaval para fazer uma manifestação de uma forma diferente e mais alegre, mas é um protesto também”, afirma uma das fundadoras do bloco, Veronica Goyzueta.

Fundado por antigos integrantes do Bloco Soviético, este é o segundo carnaval do Acadêmicos da Ursal, que foi gestado logo depois as eleições de 2018. O nome veio de uma das citações do Cabo Daciolo (Podemos), um dos candidatos à presidência que se tornou meme ao questionar outro candidato durante um debate sobre a sua participação em uma suposta União das Repúblicas Socialistas da América Latina (Ursal).

Não à toa, o grupo traz como premissa principal o “sentimento latino americano de todos os países do continente”, como definiu Goyzueta, e além de música em português traz letras em espanhol como a ‘versão socialista’ de “Despacito”, que define sua linha revolucionária, de esquerda festiva em ritmo latino.

Com “suingue e política”, o bloco de rua traz com irreverência paródias das marchinhas clássicas do carnaval com temas atuais como “Whatsapp sincero”, que faz uma reflexão sobre as fake news compartilhadas, ou ainda “O Teu Discurso Não Nega Machista”, “Engels Jardineiro” e “Reaça Escravocrata” e “Professor Doutrinador”.

Igor Silva, outro membro fundador do Aca, ressalta que é possível também fazer o caminho inverso do carnaval para a política. “A importância na verdade é trazer para manifestação política a folia do carnaval, porque a gente precisa crescer a manifestação política trazendo tudo para dentro”, aponta.

A Ursal pegou e existe um outro bloco com o mesmo nome que sai da Barra Funda neste domingo, dia 16, às 14h. A dica é do próprio Silva que afirma: “quanto mais blocos melhor”.

Fantasiados à caráter

 

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