Fortes chuvas atingiram a região sudeste do Brasil. No estado de Minas Gerais, cidades inteiras foram arrasadas pelas águas, como é o caso de Espera Feliz, em que metade da população local ficou desabrigada. Segundo a Defesa Civil, 60 pessoas morreram apenas neste estado.
Em São Paulo os estragos foram ferozes, e atingiram aqueles que não estavam habituados às intempéries. Bairros ricos da capital foram inundados, imagens que circulam na internet mostram carros de luxo sendo destruídos pelas águas. Os do andar de cima sentiram o que os habitantes de bairros periféricos, como o Jardim Pantanal, no extremo Leste de São Paulo estão acostumados.
O verão de São Paulo é chuvoso, já dizia a música “águas de março”, não há surpresa nisso. A selva de aço que foi impulsionada pela forte industrialização e migração maciça sem nenhum planejamento, canalizou rios, construiu vias para os carros em áreas de várzea (locais para onde as águas vão em momentos de chuva, do aumento do leito dos rios). Há um documentário muito interessante sobre o tema chamado “Entre Rios”, na produção audiovisual é possível captar nitidamente o processo de canalização de rios, há rios subterrâneos que foram soterrados pela ação humana, não estamos falando de lençóis freáticos. A impermeabilização do solo, falta de vegetação nas margens dos rios, riachos e córregos também afeta. Fora o lixo produzido pela cidade.
A cidade foi construída perto dos rios, como o Tamanduateí, assim como inúmeras cidades ao redor do mundo, como Londres, Paris ou Cairo. É preciso pensar uma cidade que abrigue e não esconda a sua natureza, na despoluição dos rios, que poderiam ser usado para transporte, o plantio de vegetação que possa proteger áreas de encostas, e uma política que respeite a natureza em sua plenitude, não buscando apenas medidas paliativas.