Espalham-se, por diversas cidades, homenagens à bailarina assassinada brutalmente no interior do Paraná. Em SP, ato está marcado para este sábado. Além de condenar feminicídios, atos celebram a vida, que ela expressou com intensidade rara
por Lucas Scatolini
Em continuidade dos atos que ocorrem dentro e fora do país, movimentos em defesa da vida das mulheres organizam manifestação em repúdio ao brutal assassinato da bailarina Maria Glória Poltronieri Borges, a Magó, vítima de feminicídio no final de janeiro. A mobilização “A vida pede passagem – #MagóPresente – #nenhumaamenos”, está marcada para este sábado, 8 de fevereiro, em São Paulo e outras cidades do país.
Estudante, artista, produtora e professora de dança, Maria Glória Poltronieri Borges, a “Magó”, dividia a vida entre capital paulista e Maringá (PR). Dedicada à pesquisa em dança, formou-se em ballet clássico em 2011. A partir daí, iniciou estudos em dança contemporânea, contato e improvisação e métodos de educação somática. Integrou diversas companhias e atuou como produtora e articuladora cultural em projetos e espetáculos. Mas teve seu percurso interrompido de forma violenta e precoce, há dez dias.
Em 26 de janeiro, Magó foi encontrada sem vida na cachoeira de Mandaguari, em Maringá, após ter sido deixada por sua mãe para um recolhimento de meditação e contato a sós com a natureza. De acordo com o laudo parcial, foi vítima de asfixia, depois de tentar resistir contra o agressor. Mais tarde, o Instituto Médico Legal (IML) confirmou que a bailarina foi também vítima de violência sexual. Uma força-tarefa das Polícias Civil de Maringá e Mandaguari investiga o caso.
Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, entre 2016 e 2018 foram mais de 3,2 mil mortes no país. Além disso, estimativa do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), indica que, no mesmo período, mais de 3 mil casos de feminicídio não foram notificados. E o número de mortes desse tipo aumentam a cada ano
Os atos que ocorrem dentro e fora do país, de Santa Catarina ao Mato Grosso – e com mobilizações marcadas para acontecer no Chile e na Itália –, além realçar a imagem e memória da jovem artista, são também uma manifestação política e de conscientização, cuja essência é chamar atenção para os índices crescentes de feminicídio e violência contra a mulher. No outro extremo, não deixam de ser uma celebração à vida.
Em Maringá, familiares amigos e apoiadores tomaram a frente da prefeitura. Houve também manifestações em Curitiba. Em Santa Catarina e no Mato Grosso, companheiros solidários também foram às ruas.