Julian Assange espera conseguir escapar de extradição para os Estados Unidos, onde é acusado de espionagem. A audiência inicia-se esta segunda-feira (24), em Londres. O fundador do WikiLeaks pode receber uma pena de até 175 anos de prisão.
Os advogados de Assange tentaram um pedido de asilo na França, alegando que este é “o país dos direitos humanos”.
A sua equipe de defesa negou que as acusações remetessem para questões relativas à espionagem. Procuraram assim demonstrar que existe liberdade de imprensa e o direito à informação, alertando ao mesmo tempo para as condições de saúde do fundador do WikiLeaks.
No caso de ser extraditado, enfrentará 18 acusações de crime, 17 das quais abrangidas pela Lei de Espionagem. Alegadamente, por ter ajudado Chelsea Manning, operador de informações das Forças Armadas dos Estados Unidos, a divulgar documentos confidenciais do Departamento de Estado.
Do outro lado do Atlântico, muitos dizem que Assange foi um peão manipulado por Moscou nas eleições presidenciais de 2016, dado que alegadamente teve interferência. Apesar de não terem sido apresentadas provas, uma investigação de Robert Mueller, procurador especial do Departamento de Justiça, mostrou que os emails publicados em 2016 pelo WikiLeaks eram originários de hackers dos serviços secretos russos.
Um advogado chegou a dizer que Donald Trump teria proposto a Assange um “perdão”, caso ilibasse a Rússia de interferência nas eleições presidenciais de 2016. Contudo, a Casa Branca negou e continua a pedir a sua extradição.
Julgamento longo
Antes de ir ao tribunal de Virgínia, a justiça norte-americana pretende obter a extradição do criador do WikiLeaks. O julgamento será longo. Além dos cinco dias de audiências inicialmente agendadas, o juiz responsável pelo processo agendou três semanas adicionais em maio.
“É extremamente longo para uma audiência de extradição. A maioria dura um dia e a mais complexa entre cinco e oito dias”, disse Ben Keith, advogado britânico especializado nesses procedimentos.
O juiz terá de verificar se as acusações feitas pelos norte-americanos têm fundamento e se são efetivamente graves. Além disso, deve garantir que estas sejam passíveis de julgamento no Reino Unido.
“O crime de divulgação não autorizada existe no Reino Unido e acho que se aplica a todos, inclusive jornalistas”, disse Paul Arnell, professor de Direito da Universidade de Aberdeen e especialista em direito de extradição.
Já a defesa de Assange tentará provar que as acusações dos Estados Unidos são mais de natureza política do que legal, um dos critérios que, segundo a lei britânica, pode impedir sua extradição.