Por Catiana de Medeiros (da Página do MST)/Sul21
O MST amplia seus desafios e decide reflorestar o Brasil. A notícia foi socializada aos trabalhadores gaúchos na última sexta-feira (20), durante o 19º Encontro Estadual do Movimento no Rio Grande do Sul. O evento aconteceu no Assentamento Capela, em Nova Santa Rita, na região Metropolitana de Porto Alegre.
A Campanha Nacional de Reflorestamento tem como lema “Plantar árvores, produzir alimentos saudáveis”. A iniciativa surgiu de uma reflexão coletiva a respeito da crise ambiental que avança no país, com liberação em massa de agrotóxicos e queimadas criminosas na Amazônia.
Em contraponto a essa ofensiva do agronegócio e do capital, a meta do MST é plantar 100 milhões de mudas de árvores nativas e frutíferas nos próximos 10 anos. No RS, serão plantadas 7 milhões. A ideia é fazer parcerias com setores públicos e empresas que precisam fazer compensação ambiental.
“É inerente aos camponeses preservar o ambiente natural. Faz parte da gênese da nossa cultura e do nosso comportamento plantar árvores. A nossa missão é conscientizar aqueles que ainda não se deram conta dessa tarefa”, destacou Álvaro Delatorre, do Setor de Produção.
Ele acrescenta que esse projeto vai contemplar territórios da Reforma Agrária, praças, parques e periferias dos municípios onde o Movimento tem sua base social. Serão recuperadas nascentes e áreas degradadas, evolvendo nesse trabalho associações, cooperativas, escolas do campo, centros de formações e grupos coletivos do MST.
Três dias de debates e planejamento
Os encontros estaduais do Movimento Sem Terra acontecem a cada dois anos, para planejar e definir prioridades para o próximo período. A sua 19ª edição aconteceu de 18 a 20 de dezembro e reuniu centenas de trabalhadores de todas as regiões do estado.
Foram debatidos diversos assuntos, entre eles a atual conjuntura brasileira, os impactos do avanço da mineração no RS, a organização das mulheres e os desafios dos trabalhadores em relação à questão agrária, à produção de alimentos saudáveis e à luta pela terra. Ainda foi feita uma homenagem in memoriam ao ex-deputado Adão Pretto, que no dia 18 de dezembro completaria 74 anos.
Um dos grandes momentos foi o Encontro dos Amigos. Parceiros, que incluem deputados, prefeitos, sindicalistas e representantes de organizações que apoiam a Reforma Agrária, foram convidados para celebrar junto aos Sem Terra. Na ocasião, o MST reafirmou seus compromissos com a luta pela soberania popular e a justiça social. No último dia, foi realizada a posse da nova direção estadual.
Prioridades do MST
Conforme Salete Carollo, da direção nacional do MST, o encontro apontou a necessidade de manter a luta pela terra e avançar na produção de alimentos saudáveis nos assentamentos. “Dialogamos com a sociedade a partir daquilo que produzimos. Então, a ampliação do nosso projeto de agricultura camponesa está posta para nós, bem como a comercialização para manter esse diálogo permanente com o povo”, explica.
Outra prioridade para o MST é avançar nas relações de gênero, com organização das mulheres e dos sujeitos LGBTs, além de estudos aprofundados sobre vários temas, como o patriarcado, o machismo e o feminismo camponês e popular.
Ainda faz parte do planejamento a organização da juventude para continuar o legado dos Sem Terra, a luta pela educação do campo e a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, para a conquista do socialismo e a concretização da Reforma Agrária Popular.