De acordo com o chanceler argentino Felipe Solá, ex-presidente boliviano e ex-vice ficarão no país sob condição de ‘refugiados’; Morales, até então exilado no México, estava em Cuba para tratamento médico
O ex-presidente boliviano Evo Morales chegou nesta quinta-feira (12/12) à Argentina após uma operação secreta para levá-lo ao país saindo de Cuba, onde estava para tratamento médico.
A informação da chegada de Morales, que estava asilado do México e foi convidado pelo presidente Alberto Fernández para se instalar na Argentina, foi confirmada pelo chanceler Felipe Solá, que afirmou que o ex-presidente ficará no país como “refugiado”.
“Aterrissou agora em Ezeiza [aeroporto internacional de Buenos Aires], entendo que seu ex-vice-presidente [Álvaro García Linera] também. Creio que estão acompanhados por uma ex-ministra e outro funcionário. Vêm para ficar na Argentina, porque entra em condição de asilado e, depois, passará a ter a de refugiado”, afirmou Solá à emissora TN.
“Dei-lhes asilo para que entrem no país, mas, agora, estão assinando o pedido de refúgio, que é uma condição diferente. Quem a aprova é o Ministério do Interior. A diferença entre asilo e refúgio é que este último está regulamentado. O asilo, ao contrário, não tem normas, não está regulamentado”, disse.
“Evo está muito agradecido. Nos disse que se sente melhor aqui do que no México e não nos pediu nenhuma custódia especial”, afirmou o chanceler. Dois filhos do ex-presidente já estavam na Argentina. Solá também disse que, entre os regulamentos previstos no pedido de refúgio, está o de não fazer “declarações políticas”.
Por volta do meio-dia (hora de Brasília), Morales se pronunciou pelo Twitter. Ele confirmou sua chegada à Argentina e agradeceu ao México e ao presidente Andrés Manuel López Obrador por tê-lo asilado por um mês.
“Há um mês, cheguei ao México, país irmão que nos salvou a vida. Estava triste e destroçado. Agora cheguei à Argentina, para seguir lutando pelos mais humildes e para unir a Pátria Grande. Estou forte e animado. Agradeço ao México e à Argentina por todo seu apoio e solidariedade”, escreveu.
“Meu eterno agradecimento ao presidente [Andrés Manuel] López Obrador, ao povo e ao governo do México por salvarem minha vida e por me abrigarem. Senti-me em casa junto às irmãs e irmãos mexicanos durante um mês”, finalizou.
De acordo com Solá, o governo de Fernández considera que, no momento, a Bolívia tem um “governo de facto”, liderado pela autoproclamada presidente Jeanine Áñez. Segundo ele, Buenos Aires tem a expectativa de que sejam realizadas eleições “o quanto antes” no país.
Fernández havia convidado Morales para ficar na Argentina, ainda na condição de presidente eleito. Ele assumiu o cargo na última terça-feira (10/12).