O grupo de agentes florestais indígenas conhecido como “Guardiões da Floresta” foi emboscado por madeireiros nessa sexta-feira, 1º de novembro de 2019, no interior da Terra Indígena Araribóia, região de Bom Jesus das Selvas-MA, entre as aldeias Lagoa Comprida e Jenipapo.
Houve intenso confronto. O indígena Paulo Paulino Guajajara, o “Lobo mau”, foi assassinado com um tiro no rosto; o líder guardião Laércio Guajajara foi ferido gravemente mas atendido e seu quadro de saúde é estável; há informação de que um madeireiro também morreu na troca de tiros. A Polícia Militar, FUNAI e a Secretaria de Segurança Pública atuam no caso.
O trabalho feito por Paulino e pelos demais integrantes do grupo é de vigilância para manter a preservação da terra indígena, que por lei não pode ser invadida e nem explorada sem o consentimento dos próprios indígenas. Em suas missões de vigilância acabam cumprindo o papel do Estado, que se omite dessa responsabilidade deixando as comunidades indígenas em uma situação de extrema vulnerabilidade e risco.
Em recorrentes discursos, o atual presidente do país, Jair Bolsonaro afirmou que “não demarcará nenhum centímetro a mais de terra indígena” e em outras oportunidades disse ser “muita terra para pouco índio”. Tais afirmações reforçam a postura anti-indígena do atual governo e incitam a atuação ilegal daqueles que tem como objetivo invadir e explorar os territórios já demarcados.
A APIB – Articulação dos Povos Indígenas do Brasil está durante todo esse mês em circulação por 12 países da Europa se reunindo com chefes de Estado, parlamentares, artistas, professores, estudantes e ativistas para denunciar a realidade dos povos indígenas no Brasil e os recorrentes ataques como o desta madrugada. A Jornada Sangue Indígena: Nenhuma Gota a Mais começou no dia 17 de outubro e vai até 20 de novembro.
Durante a circulação já foram recebidos pelo Primeiro Ministro dos Países Baixos, pelo Ministro de Meio Ambiente e do Clima da Noruega, pelo Vice Ministro de Relações Exteriores da Alemanha, entre outras autoridades. Ainda na sexta-feira, dia do assassinato no Maranhão, protocolaram na Corte Internacional de Justiça de Haia, principal órgão judiciário da Organização das Nações Unidas, denúncias referente aos ataques aos direitos indígenas no Brasil desde a posse do novo presidente.
Em nota divulgada pela APIB, Sonia Guajajara, coordenadora executiva da APIB e liderança do Povo Guajajara, declarou que o Território Indígena Araribóia está em luto e que já faz tempo que eles vêm denunciando a situação de ausência do poder público na proteção dos territórios indígenas, assim como a invasão do território Araribóia para a exploração ilegal de madeira e a luta dos guardiões para protegê-lo.“Não queremos mais ser estatística, queremos providências do Poder Público, dos órgãos que estão cada vez mais sucateados exatamente para não fazerem a proteção dos povos que estão pagando com a própria vida por fazer o trabalho que é responsabilidade do Estado. Exigimos justiça urgente!”