No ano passado, homens tiveram rendimento médio real de R$ 2.460 por mês, enquanto as mulheres receberam, em média R$ 1.938 por mês, ou 21,2% menos.
(G1, 16/10/2019 – acesse no site de origem)
Mulheres, pretos, nordestinos e pessoas sem instrução escolar são os trabalhadores com os menores salários do Brasil, mostram dados divulgados nesta quarta-feira (16) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em 2018, os homens tiveram rendimento médio real de R$ 2.460 por mês, enquanto as mulheres receberam, em média R$ 1.938 por mês, ou 21,2% menos – índice que se manteve em relação a 2017.
Em 2012, início da série histórica, os valores eram de R$ 2.396 e R$ 1.765, respectivamente, uma diferença de 26,3%.
O rendimento médio mensal de todos os brasileiros foi de R$ 2.234 em 2018, o que representou um ligeiro crescimento em relação ao observado em 2017 (R$ 2.107).
A desigualdade salarial entre gêneros é mais acentuada nas regiões Sul e Sudeste, onde os homens ganham 28,7% e 26,82% mais do que as mulheres, respectivamente.
Os números mostram ainda que, apesar de as mulheres serem maioria entre a população em idade de trabalhar (52,3%), os homens representam a maior parcela entre os que de fato trabalham (56,7%).
O levantamento do IBGE aponta também que, no ano passado, brancos ganharam 42,7% mais que pardos e 43,5% mais que negros no país. O rendimento mensal médio dos brancos foi de R$ 2.897, enquanto o de pardos foi de R$ 1.659 e o de pretos, de R$ 1.636.
Pessoas com ensino superior ganham o triplo daquelas com nível médio
Há ainda grandes lacunas salariais entre pessoas com diferentes níveis de escolaridade. Profissionais com ensino superior completo receberam em média R$ 4.997 em 2018, quase três vezes mais que aqueles com ensino médio completo (R$ 1.755) e quase seis vezes mais do que os trabalhadores sem instrução (R$ 856).
As disparidades também são relevantes regionalmente. Em 2018, profissionais do Sudeste, do Centro-Oeste e do Sul receberam mensalmente em média R$ 2.572, R$ 2.480 e R$ 2.428, respectivamente. Já os do Norte e Nordeste ganharam e 1.735 e R$ 1.497, respectivamente. A diferença chega a 41,7% entre Sudeste e Nordeste, os dois extremos.
No ano passado, o Nordeste foi a única região a ter redução no rendimento médio mensal de todos os trabalhos. A queda foi de 1,3% em relação a 2017. Já o Norte e o Sudeste tiveram as maiores altas, com avanço de 5,6% e 3,8%, respectivamente.
Aumento da desigualdade
A pesquisa do IBGE mostra que concentração de renda voltou a piorar em 2018 e que o índice que mede a desigualdade foi o maior da série histórica, iniciada em 2012.
No ano passado, o índice de Gini, que mede a concentração e desigualdade de renda, subiu para 0,509, depois de ficar estável nos dois anos anteriores, quando foi de 0,501. O número é o maior da série iniciada em 2012, e leva em conta o rendimento médio dos brasileiros para todos os trabalhos.
O índice de Gini varia de zero a 1. Quanto mais próximo de zero, mais perfeita é a distribuição de renda de um país. Quanto mais perto de 1, mais desigual é uma economia. Ao longo dos últimos anos, o melhor resultado para o índice de Gini foi observado em 2015, quando marcou 0,494.
“Essas variações no índice de Gini têm muito a ver com as flutuações na renda dos mais ricos”, afirmou a analista do IBGE, Adriana Beringuy.