Ao menos 55 voos do aeroporto El Prat, em Barcelona, foram cancelados por conta da greve; Justiça da Espanha condenou líderes do referendo separatista de 2017 a penas que, somadas, chegam a quase 100 anos de prisão
A greve geral convocada em protesto contra as condenações dos líderes independentistas da Catalunha mobiliza nesta sexta-feira (18/10) milhares de pessoas. Desde as primeiras horas da manhã, piquetes fecharam dezenas de vias, em Barcelona e em toda a região, ao mesmo tempo em que uma multidão começa a avançar até a capital catalã.
A adesão à greve, no entanto, é desigual nos setores públicos e privados da região semiautônoma. A paralisação foi convocada por três sindicatos e recebeu o apoio de 30% dos funcionários, segundo dados do Departamento de Trabalho e Assuntos Sociais da Generalitat (o governo da Catalunha).
Um dos setores com maior adesão à greve foi o da educação, com 43% dos professores da rede pública (35% do total) em greve. Nas universidades, a atividade tem sido residual, com a maioria dos campi fechados pelos protestos ou por prevenção.
Ao menos 55 voos do aeroporto El Prat, em Barcelona, também foram cancelados por conta da greve.
Uma das imagens mais marcantes da jornada desta sexta é a de milhares de pessoas que começaram a chegar a Barcelona depois de três dias nas chamadas Marchas pela Liberdade. A 100 km da capital catalã, no centro da cidade de Girona, por exemplo, cerca de 13 mil estudantes se manifestavam pelo segundo dia consecutivo contra a sentença que condenou à prisão 12 líderes independentistas.
Foram registrados protestos, também, em frente à igreja da Sagrada Família, um dos pontos turísticos mais reconhecidos de Barcelona. Pessoas de todas as idades, inclusive famílias, ocupam toda a região de entrada da catedral, impedindo o acesso dos turistas ao local.
As manifestações na Catalunha começaram na última segunda-feira (14/10), depois de o Tribunal Supremo da Espanha condenar por delitos de sedição, malversação e desobediência 12 líderes catalães por organizar o referendo de independência da região, em outubro de 2017.
O tribunal condenou os líderes, somados, a quase 100 anos de prisão. A maior sentença foi para o ex-vice-presidente catalão Oriol Junqueras, que deverá cumprir 13 anos de cadeia.