No dia 9 de Agosto, precisamente 74 anos após a catástrofe nuclear em Nagasaki, foi exibido o documentário “O princípio do fim das armas nucleares” no Porto, cidade geminada com Nagasaki desde 1978.

O documentário foi produzido pela Agência de notícias Pressenza e o evento no Porto foi coorganizado pelos organismos e comunidades que participam no Parque de Estudos e Reflexão Minho. O Centro Comercial de Cedofeita acolheu esta iniciativa, que contou com a presença do realizador espanhol Álvaro Oruz.

O documentário faz o relato histórico da bomba e do ativismo desde a Segunda Guerra Mundial e entrega aos espectadores uma certeza: a ameaça nuclear não é um assunto do passado. Existe um perigo real de que sejam lançadas intencionalmente ou por acidente, produzindo um desastre humanitário terrível que afetaria toda a humanidade.

Muitos líderes mundiais não se cansam de usar irresponsavelmente o argumento do poder militar para discutir os assuntos internacionais, preferindo o confronto e a ameaça ao esforço pela paz. Recentemente, os EUA e a Rússia rasgaram o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermédio (INF), assinado em 1987 por Ronald Reagan e Mikhail Gorbatchov.

Os confrontos políticos e a guerra que continua a ser alimentada em vários países na atualidade não são alentadores para a paz mundial, mas há esforços importantes no sentido da paz e do desarmamento que interessa conhecer e promover.

Tratado pela Proibição das Armas Nucleares

A Campanha Internacional pela Proibição das Armas Nucleares, formada por organizações de muitos países, recebeu o Prémio Nobel da Paz em 2017 como forma de reconhecer o seu esforço na criação de um tratado internacional pela proibição da posse, utilização, fabrico e venda de armas nucleares.

O Tratado de Proibição das Armas Nucleares foi adotado pela ONU com o apoio de 122 países e o voto contra de 1 país. Os países detentores de armas nucleares e os membros da NATO não participaram na votação. O Tratado está agora aberto à assinatura e ratificação pelos diferentes Estados-membros das Nações Unidas. Para que o tratado possa ser vinculativo, é necessário que a sociedade civil se manifeste e os governos tomem a iniciativa de assinar o Tratado.

Armas nucleares, Portugal pode ter uma palavra a dizer?

No ano passado foi entregue na Assembleia da República Portuguesa uma petição com mais de 13 mil assinaturas, que recomendava ao governo a assinatura do Tratado de Proibição das Armas Nucleares, iniciativa do Conselho Português para a Paz e Cooperação. Na sequência desta petição, a Assembleia rejeitou os projetos de resolução dos partidos PCP, BE, PEV e PAN que recomendavam que o governo português ratificasse o Tratado, com os votos contra do PSD, PS e CDS-PP. Com a aproximação das eleições legislativas, poderia haver uma mudança no sentido de voto dos deputados, se este assunto for de novo levado ao parlamento?

Várias ideias surgiram na conversa que se gerou com o realizador do documentário “O princípio do fim das armas nucleares”, no Porto: trabalhar localmente (com associações, universidades, juntas de freguesia, escolas, câmaras municipais) para sensibilizar para a paz e a não-violência e para pressionar o governo português para assinar o Tratado de Proibição das Armas Nucleares.

 

Maria Vitor Mota
conculturas@gmail.com
Parque de Estudo e Reflexão Minho
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