Região que se espalha pelos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo recebe título por sua riqueza cultural e natural; com a decisão, Brasil passa a ter 22 lugares incluídos na lista da Unesco
Diante de uma delegação brasileira visivelmente emocionada, o Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco reconheceu nesta sexta-feira (05/07) Paraty e Ilha Grande como patrimônio cultural e natural da humanidade. A decisão foi anunciada pelo Comitê do Patrimônio Mundial em sua 43ª reunião, que se realiza até o próximo dia 10 de julho em Baku, capital do Azerbaijão.
O sítio “Paraty e Ilha Grande: cultura e biodiversidade” é o primeiro sítio misto (natural e cultural) do Brasil a ostentar o título. Trata-se de um conjunto de cinco lugares nos estados do Rio e de São Paulo, que vão da Serra da Bocaina até o Oceano Atlântico, abrangendo uma área de 204.634 hectares. Quatro desses lugares são áreas naturais protegidas.
O conjunto de bens naturais e culturais é formado pelo centro histórico de Paraty; o Parque Nacional da Serra da Bocaina, cujo principal ativo cultural é uma parte do Caminho do Ouro; o Parque Estadual de Ilha Grande; a Reserva Biológica Estadual da Praia do Sul; e a Reserva Ecológica da Juatinga.
“Reiteramos a convicção nacional da importância de reconhecer, promover e proteger o vasto sistema cultural e natural de Paraty e Ilha Grande, cujas caraterísticas são um emblema da exuberância intercultural e da biodiversidade do nosso país na sua contribuição singular para a humanidade”, disse após escutar a decisão o secretário especial de Cultura, Henrique Medeiros Pires.
Pires disse ainda que se trata de “uma conquista inestimável”, algo com o que concordou Adam Jayme Muniz, assessor cultural da delegação brasileira na Unesco. “A inscrição de Paraty na Lista de Patrimônio Mundial é de grande importância para o Brasil”, ressaltou.
Ele disse se tratar de um lugar “que combina natureza e cultura de um modo excepcional e traz como conjunto elementos culturais herdados do período colonial com influências portuguesas, misturadas também com influências da África e dos indígenas brasileiros”.
Além disso, de acordo com Muniz, a região se destaca pelas suas paisagens naturais, “com grande biodiversidade de espécies que só são encontradas nesta parte do mundo”.
Hoje a cidade é conhecida também por ser palco da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). A 17ª edição do evento será realizada entre 10 e 14 de julho deste ano.
Para a Alemanha, Paraty tem ainda um significado especial, pois foi lá onde nasceu a mãe do escritor Thomas Mann, Júlia da Silva-Bruhns, em 1851. Segundo a filha de Mann, Elisabeth, a célebre família de escritores deveu a sua veia artística à Júlia.
Após a decisão do Comitê do Patrimônio Mundial, o Brasil passa a ter 22 lugares culturais e naturais inscritos na Lista do Patrimônio Mundial. Dos mais de mil lugares de Patrimônio Mundial reconhecidos pela Unesco, apenas 39 são reconhecidos como mistos, como é o caso de Paraty e Ilha Grande, oito dos quais estão na América Latina.