Ideia que começou em 2017 expande-se e conquista pais e pacientes
O relato positivo das equipes médicas dos setores de psiquiatria e neurologia pediátricas garantiu a continuidade do projeto de estímulo à leitura para crianças e jovens que aguardam atendimento no Hospital Universitário Antonio Pedro (Huap), da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói (RJ).
O projeto foi iniciado em 2017 pela psiquiatra Valéria Pagnin, chefe do Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental do Huap e coordenadora da iniciativa, e sua parceira, a pedagoga e técnica em assuntos educacionais Lílian Silva. As duas começaram a ideia sem associação a nenhuma pesquisa.
“É um projeto de extensão, de estímulo à leitura. O que a gente colheu de dados informalmente, com os médicos, é que as crianças entram para as consultas mais tranquilas”, explica Lílian. Ela acrescenta que as crianças e jovens ficam mais tranquilos e mais motivados: “Está dando supercerto. A gente está muito feliz com o projeto.”
Segundo Valéria, a leitura é uma maneira de a pessoa ver e interpretar o mundo em que vive. “E essa leitura precisa ultrapassar os limites da visão física e auditiva para ocupar também a ótica da fantasia”, ressalta.
Doações
Com base no interesse das crianças e adolescentes, muitos pais, mães e responsáveis pelos pacientes também começaram a ler os livros. Eles sentam-se nas cadeiras de leitura, pegam os livros e levam para casa. Uma das maiores preocupações de Valéria e Lílian é como poderão continuar alimentando as estantes. Elas não propõem uma biblioteca, em que a pessoa pega um livro emprestado e devolve. “A proposta é que o livro siga em frente. Por isso estou sempre agoniada, procurando mais doações”, declara Lílian.
Segundo a pedagoga, as bibliotecas populares municipais Cora Coralina e Anísio Teixeira, de Niterói, ajudam o projeto com doações de livros. “O projeto só sobrevive com a doação de livros”, afirma.
Levantamento
Até o fim do ano, será levantado o número de crianças e adolescentes beneficiados até agora pelo projeto. A iniciativa estendeu-se para os funcionários do hospital e as pessoas que fazem exames médicos. “O projeto acabou encantando outras pessoas”.
Também professora da rede municipal de ensino de Niterói, Lílian Silva revelou que, das 92 escolas municipais da cidade, só cinco têm bibliotecas escolares, apesar de a Lei 12.244/2010 determinar que todas as escolas devem ter uma biblioteca. Segundo Lílian, as bibliotecas populares acabam dando um suporte necessário para atender a alunos e professores, além de oferecerem contação de histórias e várias atividades ligadas aos livros.
Voluntários
O projeto de estímulo à leitura da UFF está aberto à participação de voluntários para ler a crianças e para doações de livros. “Uma pessoa que goste de ler vai encantar a criança também”. As doações podem ser encaminhadas para o Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental do Huap, no terceiro andar do prédio anexo do hospital. Segundo Lílian, muitos levam os livros para casa e retornam com outras obras, que colocam diretamente na estante: “Acho maravilhoso esse movimento”.
Os professores do ensino fundamental, vinculados à Rede Municipal de Ensino de Niterói, também são convidados a participar do projeto como ledores e contadores de histórias. Alunos do curso de medicina manifestaram interesse em participar, o que poderá ocorrer a partir do próximo semestre, como atividade extracurricular.
Valéria e Lílian querem acrescentar mais estantes ao projeto, mais livros e uma cobertura maior na recepção do hospital, onde pacientes da oncologia e ginecologia, entre outras especialidades, aguardam atendimento. “A gente quer encantar os adultos também com a leitura”, diz Lílian. Para isso, elas precisam de doações de estantes e de livros. A Associação dos Colaboradores do Huap é outro apoiador importante do projeto, doando mesas, cadeiras, livros e brinquedos para os pacientes crianças e jovens.