REDAÇÃO OPERA MUNDI
Principais reivindicações protestam contra PND, alterações na JEP e morte de líderes sociais; cidades como Bogotá, Medellín e Cali recebem manifestações
Movimentos sociais, sindicatos, centrais estudantis, organizações camponeses indígenas da Colômbia foram à ruas nesta quinta-feira (25/04) em uma paralisação nacional para protestar contra as políticas econômicas e sociais do presidente colombiano Iván Duque.
As principais reivindicações da paralisação rechaçam as medidas colocadas em prática pelo Plano Nacional de Desenvolvimento de Duque. Eles afirmam que o PND é mais uma política neoliberal que favorece as empresas extrativistas estrangeiras em detrimento das necessidades do povo colombiano.
A proposta dos movimentos é apresentar suas demandas ao presidente e sua equipe. Uma delas é a exigência de que o governo cumpra os acordos assinados com os movimentos sociais nas paralisações anteriores – a última realizada em 2016 –, bem como as determinações dos Acordos de Paz assinados entre o governo colombiano e o ex-grupo guerrilheiro Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) em 2016 em Havana, Cuba.
Outra exigência é que o governo da Colômbia tome medidas imediatas para proteger as vidas dos líderes sociais no país e ponha fim à violência paramilitar que deixou 600 líderes mortos desde a assinatura dos Acordos de Paz em Havana, apontando ainda para o aumento acentuado da criminalização e perseguição desses líderes.
A Central Unitária de Trabalhadores da Colômbia (CUT) e a Federação Colombiana de Trabalhadores da Educação (FECODE) lideram as mobilizações que acontecem em diversas cidades do país.
Segundo a emissora teleSur, os atos se iniciaram às 8h (horário local) em cidades como Bogotá, Medellín, Cali, Bucamaranga, Barranquilla e Antioquia.
Medidas do governo
Desde que Iván Duque assumiu o cargo, em agosto de 2018, os movimentos da Colômbia se mobilizam para denunciar suas políticas sociais e econômicas, bem como o retorno a um regime violento e repressivo que aniquilou o setor social colombiano nos anos 2000, quando Álvaro Uribe Vélez foi presidente.
Iván Duque, do mesmo partido que Uribe, o Centro Democrático (CD), é considerado o sucessor político do ex-presidente de direita, agora senador. Uribe aplicou uma política de tolerância zero em relação aos grupos guerrilheiros da Colômbia, sem negociações de paz por considerá-los “grupos terroristas”. Antes de Duque ser eleito, muitos temiam que ele adotasse uma linha dura semelhante e revertesse anos de trabalho e negociações em direção a uma paz verdadeira e duradoura na Colômbia.
Recentemente, Duque tentou desmantelar a Jurisdição Especial para a Paz (JEP) ao se opor a 6 dos 159 artigos da sua Lei Estatutária. O JEP é um sistema de justiça transicional que foi criado através dos acordos de paz de Havana para investigar, julgar e condenar todos os responsáveis pelos crimes cometidos durante a guerra de cinco décadas entre as forças guerrilheiras e as forças de segurança da Colômbia. A ação de Duque foi rejeitada nacional e internacionalmente como uma grave ameaça ao processo de paz.
*Com Brasil de Fato e teleSur