Rasmea Odeh iria participar de um evento em Berlim sobre envolvimento das mulheres na luta pela libertação da Palestina
Após pressão das embaixadas de Israel e dos Estados Unidos na Alemanha, as autoridades de Berlim decidiram proibir a ativista palestina Rasmea Odeh de exercer atividades políticas na capital alemã e cancelaram seu visto de permanência no país.
Segundo o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino, Odeh iria participar de uma iniciativa em Berlim sobre o envolvimento das mulheres palestinas na luta pela libertação. Dias antes da data programada para o evento, a sala do centro cultural que receberia a palestra foi vandalizada.
A decisão das autoridades alemãs foi divulgada na última sexta-feira (15/03). O ministro do Interior da Alemanha, Andreas Geisel, disse que “liberdade de expressão é um bem precioso. Se, entretanto, o estado de Israel e os judeus são brutalmente perseguidos, a linha vermelha foi cruzada”.
O Movimento pelos Direitos do Povo Palestino criticou o pronunciamento do ministro dizendo que as pretensões de Odeh não eram anti-semitas e que “se há coisa que a história de Rasmea Odeh ilustra bem é o cortejo de violências de vários tipos a que foi e continua a ser submetido o povo palestino”.
“São lamentáveis as declarações a este propósito dos responsáveis políticos berlinenses, que deliberadamente confundem a defesa dos direitos dos palestinos e a crítica à política de Israel com anti-semitismo”, afirmou o movimento.
A organização civil ainda afirmou que o episódio com Odeh deve servir de “alerta” como mais um caso de tentativa de “cercear a liberdade de expressão”.
“É inaceitável que, sob a infundada mas cada vez mais frequente acusação de anti-semitismo, se procure cercear a liberdade de expressão, a crítica à criminosa política de Israel em relação aos palestinos e a solidariedade com a legítima causa nacional do povo palestino.
Odeh é acusada de atos de terrorismo supostamente cometidos nos anos 1970. Meses depois, a ativista revelou que assinou uma “confissão” perante um tribunal por ter sido submetida a sessões de tortura.