Entrevista com o Professor Maykon Santos, candidato a deputado estadual pelo Psol. Santos faz parte da Dobradona, projeto político que reúne diversas candidaturas aos cargos do legislativo tanto em nível estadual, quanto no nível federal e é inspirado no processo de construção política chileno, no qual houve uma expressiva bancada da Frente Ampla ocupando o Congresso Chileno.
Pressenza – Qual a sua trajetória?
Maykon Santos – Eu me identifico como militante desde a adolescência, minha família atuava nas pastorais da igreja católica. Eu tinha isso dentro de casa, da pastoral da família, da pastoral da juventude. E acabei acompanhando meus irmãos neste processo. Embora seja um pouco conflitante para um adolescente de 15 anos, tinha a especificidade da renovação era um pouco mais progressista nesta época. Fazíamos diversas ações na paróquia. Isso me levou a fazer história, na militância no movimento estudantil e depois militância na área da educação quando eu volto como professor na baixada.
P. – Quais são seus motivos para entrar na disputa política?
M.S. – O principal deles é de que estamos em um momento de avanço conservador, de ideias anti-iluministas, ideias que não acreditam na igualdade dos seres humanos, portanto, há seres humanos que devem morrer, há seres humanos que devem ficar escondidos em suas casas. Então, nós que somos militantes, não podíamos ficar em casa. Eu não tinha direito de ficar em casa, tínhamos de criar um contraponto a esta visão anti-iluminista de mundo.
P. – Quais são suas propostas?
M.S. – O mandato deve estar a serviço das lutas populares, o parlamento é um instrumento que tem uma grande capacidade de cooptar. Um mandato que vá para a rua que enfrente a repressão, que apoie qualquer luta popular, pelos direitos dos animais, meio ambiente, contra racismo, homofobia. A segunda questão mandato que defenda os serviços públicos. Quem usa um hospital comum de cidade viu quanto este serviço foi piorado. A terceira é construir uma outra economia, baseada em uma outra lógica de organização social, cooperativas, uma outra economia, em uma lógica mais solidária. Que envolva acesso ao emprego, pois quem é negro tem mais dificuldade, quem é trans tem mais dificuldade.
P. – Qual é a importância de apoiar a Dobradona?
M.S. – Pra mim foi fundamental porque eu vi que eram pessoas muito parecidas comigo. Mesmo num partido de esquerda continuam existindo as hierarquias sociais, no próprio Psol há pessoas que são candidatos a reeleição, que tem mais estrutura. Quem é independente, como todos da dobradona, acabam ficando sozinhos. Eu vi a capacidade de juntar estes vários sozinhos com o conteúdo político que eu concordo. Quem não aceita receber este salário é porque não aceita enriquecer da própria política. Uma das coisas que eu coloquei desde quando me candidatei é continuar a receber o mesmo salário que eu ganhei como professor. A própria experiência de vida destas pessoas, trans, negros periféricos. Temos muita identidade de história de vida, de militância.
Ouça a entrevista na íntegra –