Entrevista com Luciana Xavier, candidata a deputada federal pelo Psol. Luciana faz parte da Dobradona, projeto político que reúne diversas candidaturas aos cargos do legislativo tanto em nível estadual, quanto no nível federal e é inspirado no processo de construção política chileno, no qual houve uma expressiva bancada da Frente Ampla ocupando o Congresso Chileno.
Pressenza – Qual a sua trajetória?
Luciana Xavier – Eu venho de um histórico de professora de educação infantil. Minha formação é em pedagogia, trabalho há 14 anos na prefeitura de São Paulo. Meu contexto de militância é a luta sindical, pelo SINPEEM pelo espaço do sindicato. Como eu estava na linha de frente na reforma do Sampa Prev, fui atingida brutalmente e eu tive meu nariz quebrado pela GCM, dentro do espaço da Câmara Municipal, os guardas fazem a segurança do patrimônio público, porém eu tinha sido revistada. Nós estávamos acompanhando a tramitação da reforma da previdência da rede municipal, dai neste contexto todo foi deflagrado uma violência de dentro pra fora, na qual servidores foram atingidos. Neste contexto, com toda essa demanda de repressão, eu fui convidada pelo Psol a ser candidata a deputada federal, que é uma experiência, é a primeira vez. Fui convidada a conhecer o projeto.
P. – Quais são seus motivos para entrar na disputa política?
L.X. – Eu acredito que nós não temos espaço de representação feminina, nossa categoria de magistério não tem essa representação dentro dos espaços legislativos, são poucas as que tem, as mulheres são as maiorias, porém nos espaços políticos somos menos de 10%. Eu acredito em projetos coletivos e populares, a constituição está fazendo 30 anos, nós não temos nas nossas escolas esse tipo de formação, nem esta nem educação financeira, que eu acredito que deveria ser prioridade. Nós viemos de uma reforma do ensino médio que está ai batendo em nossa porta. Os corpos que estão nestes espaços não nos representam minimamente, nem como mulheres, nem como indígenas nem como LGBTs.
P. – Quais são suas propostas?
L.X. – Minha plataforma é a educação, acreditar que o filho do trabalhador deve ter uma formação digna. A universidade pública atende os alunos das escolas particulares, a gente precisa de uma educação de qualidade, e que todos temos direitos a isto. Esta construção de emendas e projetos de lei que vem de cima para baixo, a gente vê que não funciona, minimamente o Congresso precisa ser representado por professores e trabalhadores de base, acho que esta possibilidade que o Psol está dando para “n” candidaturas femininas, negras, mostra o quanto que vale a pena acreditar que a transformação vem da educação. Nós vemos o feminicídio todos os dias na televisão. Quando falamos de educação falamos de uma leque de oportunidades, pois ela proporciona este tipo de autonomia.
P. – Qual é a importância de apoiar a Dobradona?
L.X. – Faz uma semana que conheci o projeto, ela faz toda a diferença, a começar por esta diversidade. Somos de várias categorias, temos muitos professores, porém com experiências de vida diferentes. A proposta de abrir mão de metade do seu salário faz toda a diferença. O professor ganha mal, ganha. Mas, qual é a realidade de salário da população brasileira? Eu nas minhas condições eu ganho razoável, imagina com um salário de deputada. O Congresso não deve ser visto como forma de status social ou financeiro, esta é a diferença de um projeto como a dobradona. São fundamentos sociais, [para] você defender o socialismo você precisa vivê-lo. Nós temos que ter ações que definam de verdade o que a gente sonha.
*Fim da Entrevista
Ouça na íntegra o áudio da entrevista –