O bem viver está ligado aos povos andinos e amazônicos e vem das palavras indígenas Sumak Kawsay (em quechua). Modelo chave para se pensar novos modelos de sociedade não pautados na competição e no lucro a curto prazo.
Para entender sobre o assunto, entrevistaremos Jobana Moya da Equipe de Base Warmís – Convergência das Culturas.
Pressenza – O que é o bem viver?
Jobana – Bem viver desde a visão quechua-aymara indica que todos somos iguais, que existe a complementação e que cada parte é importante.
A mãe terra tem diferentes ciclos como o Cosmos e nossa própria vida que tem momentos de passividade e atividade; o bem viver também significa estarmos em harmonia com nós mesmos e logo saber como coexistir com todas as formas de existência.
Viver em comunidade saindo do individualismo, todxs temos que viver bem na sociedade com equidade, respeito e sem exclusão em equilíbrio com a Pachamama.
Pressenza – Qual é a origem do bem viver?
Jobana – Sumak kawsay-suma qamaña. É uma proposta do mundo índigena que sobreviveu na memória oral e simbólica dos povos originários de Abya Yala e está relacionado ao mito do Pachakuti (a volta do tempo, a volta do bem viver) ou de retorno ao equilíbrio e harmonia.
Pressenza – Qual é a sua relação com o bem viver?
Jobana – Parte do bem viver para mim na minha vida cotidiana é tratar aos demais como eu gostaria de ser tratada, também significa a revalorização e recuperação da minha identidade (ou como queremos nos identificar em relação a nossas raízes).
Tem relação com minha descolonização, na compreensão que bem viver é diferente de viver melhor.
Na prática do cotidiano, tema relação com comer bem (não perder minhas costumes e saberes na alimentação, produzir meus alimentos a medida que é possível, preparar meus alimentos).
Ter tempo para me conectar comigo mesma e meditar, respeitar meus tempos (não enlouquecer tentando ser produtiva) isso me permite também me conectar com os demais.
Ter tempo para amar e ser amada, tempo para ouvir não só as palavras.
Ser coerente: pensar, sentir e atuar numa mesma direção.
Saber dar e receber, agradecer, não perder a alegria nem a esperança.
*Fim da entrevista