por Vinícius Bento Chamlet
O movimento “Preservar Itapecerica” tem denunciado as ações da Engemix, empresa do grupo Votorantim, que busca a construção de uma pedreira em uma área de mananciais. Segundo os moradores, a obra teria um grande impacto ambiental afetando a fauna (os animais da região) e a flora (mata). O rio São Lourenço tem sua nascente nessa região, suas águas são essenciais para o abastecimento de água da cidade de São Paulo e ajudam a diminuir os níveis de poluição, pois as plantas absorvem o CO2 despejado pela gigantesca frota de carros de São Paulo e suas zonas industriais que afetam diretamente a qualidade de vida dos moradores da região e, inclusive, aumentam o número de casos de doenças respiratórias.
Ouça a entrevista com Claudinei, membro do “Preservar Itapecerica”
Faz três anos do desastre de Mariana, quando a barragem do fundão se rompeu e deixou 19 mortos e centenas de feridos e desabrigados, o que foi considerado o maior desastre ambiental da história brasileira. Até hoje a questão não foi resolvida, famílias não receberam a devida indenização. Os detritos que escoaram da barragem afetaram diretamente o rio doce o que impactou a biodiversidade local, a lama chegou até as praias do estado do Espírito Santo.
Um dos feitos da modernidade, deste dado período histórico em que vivemos, foi o de criar a separação visceral entre homem e natureza. Sendo assim boa parte dos ocidentais não enxergam a natureza como um ente que precisa ser preservado, inclusive para a sua própria preservação. As comunidades indígenas e quilombolas carregam a séculos uma relação com a natureza que é de extremo valor para tempos de crises ambientais, poluição em massa e o “ apocalipse climático” que assola a humanidade.
Estes povos carregam uma forma de lidar com a natureza que deve ser observada. Não se trata de uma romantização da natureza, é uma relação de dependência, quando nos vemos separados dela, não podemos compreender o quão dependente somos das árvores, das nascentes dos rios, da fauna e de todo um ecossistema em que estamos inseridos e não fora, separados, apartados.
O modelo de exploração das grandes mineradoras é de uma ótica extrativista e de curto prazo, é preciso investir em modelos alternativos, de longo prazo, que respeite comunidades locais, fauna e flora, enfim toda uma biodiversidade. Dar voz não apenas aos empresários e sim para todos os que deveriam ser ouvidos.
O movimento “Preservar Itapecerica” é um dos exemplos da luta das comunidades locais para preservar seus ecossistemas, essenciais para a manutenção da vida.