Para o economista britânico e co-fundador do Basic Income Earth Network, a Renda Básica não é uma panaceia, mas ajuda a sociedade a avançar para uma vida melhor
Para Guy Standing, economista britânico e co-fundador do Basic Income Earth Network, o “precariado” já é um fenômeno mundial. O termo, criado por ele mesmo, refere-se a uma nova classe social emergente que vive na insegurança econômica e profissional.
De acordo com Standing, o “precariado” é composto por três grupos fundamentais: jovens imigrantes que carecem de um futuro, jovens instruídos que não conseguem um emprego estável e pessoas mais velhas desassistidas do ambiente de trabalho. “Cada vez mais a parte instruída do precariado está procurando uma nova forma de política, e a Renda Básica é vista como parte dessa nova política. O precariado quer recriar um sentido do futuro. Um sentimento de que na sociedade estamos construindo algo que é melhor, algo que é ecologicamente sustentável, algo que respeite os valores feministas e os valores dos bens comuns […], um sentido no qual queremos resgatar a vida como um prazer da experiência em que nos desenvolvemos”, comenta.
Em seu livro The precariat – the new dangerous class, publicado em 2011, Standing defende a introdução da renda básica como um direito fundamental que poderia resolver muitos dos problemas precários, o que seria uma “política emancipatória”. “O que dizemos é que a riqueza e a renda de todos nós, você, eu, ele, é parte das conquistas dos esforços de todos os ancestrais, voltando, muitas gerações, e não sabemos quem contribuiu mais ou menos, mas se aceitarmos a propriedade privada da riqueza, devemos aceitar que devemos ter uma sociedade de compartilhamento, das realizações de nossos ancestrais”, acredita Standing.
O grande benefício e principal razão para a renda básica segundo o economista é que, ao melhorar a distribuição da renda, a justiça e, acima de tudo, a liberdade seriam melhoradas. “A liberdade de ter a segurança na qual desenvolvemos nossas habilidades, a sensação de que não preciso fazer tudo desesperadamente, posso planejar minha vida, correr pequenos riscos para melhorar, passar mais tempo cuidando da minha mãe idosa, passar mais tempo com meus filhos, meu parceiro, passar mais tempo construindo minha comunidade. A renda básica não é uma panaceia, não resolve todos os problemas, mas nos ajuda a avançar em uma direção melhor, e acho que muitas pessoas no precariado hoje em dia podem pensar assim”, acrescenta. A ideia ganhou bases sólidas com os experimentos que ele fez na Índia e que conta em seu livro.
Os argumentos contra a Renda Básica, como “vamos deixar as pessoas preguiçosas, nos levarão a maus hábitos”, foram refutados pelos pilotos e testes que Standing e sua equipe fizeram. Para ele, as pessoas querem melhorar suas vidas e a renda básica permite isso, além de ser acessível. A grande questão é a política e, portanto, a necessidade de pressão do precariado sobre os políticos. “Eu acho que nós somos realmente a cara inicial desta nova política e não há nada para nos parar […] Nós temos que dizer Não! Devemos dizer que queremos um sistema melhor e estamos dispostos a dizê-lo e agir de acordo”, disse Standing.
A Renda Básica Universal não seria uma panaceia, mas considerada como parte da estratégia progressista da sociedade, segundo Standing. A renda básica nos permitiria ter controle sobre nosso trabalho e trabalhar de uma maneira que refletisse nossos valores e eliminasse o estresse dessas tensões.
Para Guy Standing uma boa sociedade deve querer que todos tenham segurança, a opção de se desenvolver. É por isso que ele criou o movimento, porque desde jovem tinha esse sentimento e estava motivado a encontrar um sistema melhor que nos ajudasse a caminhar nessa direção.