Por Camila Salmázio/Brasil de Fato
Toneladas de alimentos foram doados por pequenos agricultores e cooperativas para alimentar marchantes
O chiado dos fogões acesos e o barulho das panelas são constantes debaixo da tenda montada para abrigar uma cozinha, em Brasília, durante a Marcha Nacional Lula Livre.
As refeições preparadas por uma equipe de cerca de 60 trabalhadoras e trabalhadores rurais alimentam as mais de 5 mil pessoas que marcham pela liberdade do ex-presidente Lula e pela candidatura dele à Presidência da República.
“Uns fazem o café, outros entram para o almoço e aí dá tempo dos companheiros descansarem um pouco para fazer a janta. É uma luta e quando os caminhões chegam que a gente viu que não conseguiu terminar é uma loucura, porque a gente começa a tacar mais fogo nas panelas. Mas a gente sabe que no final tudo dá certo e os companheiros vão ser bem atendidos lá.”
Maristela Cunha, é assentada no Estado da Bahia e integra o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra há 7 anos. Na Marcha Lula Livre ela assumiu a tarefa de ser uma das coordenadoras da equipe de trabalho da cozinha. Em meio as panelas, ela afirma que cozinhar para os marchantes também é um ato político.
“A gente contribui aqui porque a gente sabe que os nossos companheiros estão lutando lá e eles precisam que a gente também lute aqui. É gratificante fazer parte desse momento, é uma luta pela nossa ideologia e pelo futuro do nosso país, o futuro dos nossos filhos também.”
A tarefa da cozinha não é uma atividade só das mulheres no MST. Preparar as refeições dos marchantes é uma das coisas que o assentado Roberto Carlos da Silva mais gosta de fazer.
“Para mim o trabalho que eu gosto de fazer é cozinhar para a turma. A gente, junto com as mulheres está fazendo de tudo para sair o melhor, tudo correto.”
As receitas que garantem refeições saborosas são compartilhadas entre a equipe. Na Marcha Nacional Lula Livre, a assentada Maria Cecília, de Iaras, interior de São Paulo, conta que aprendeu uma nova maneira de fazer grandes quantidades de arroz.
“Uma maneira que frita bem o tempero, depois frita bem o arroz até ficar soltinho estralando. Põe sal e vai colocando a água fervendo aos poucos. Está dando tudo certo. Fica soltinho e saboroso. Então, a cada marcha, cada encontro a gente vai aprendendo outras coisas, novas receitas, outros tipos.”
Por dia são produzidas 15 mil refeições. A preparação do café começa a meia-noite para garantir que chegue nos três acampamentos que compõe a marcha já nas primeiras horas da manhã.
As toneladas de alimentos como arroz, feijão, óleo, frutas e legumes usados durante os cinco dias foram doados por famílias de pequenos agricultores e cooperativas de alimentos orgânicos do MST. Milton Fornazieri, o Rascunho, da coordenação do movimento, destaca a solidariedade entre os assentados.
“É bonito enxergar dentro dos caminhões que chegaram aquelas caixinhas de uma família que mandou para os marchantes. Então tem desde grandes quantidades que vieram de uma cooperativa até pequenas quantidades que vieram de famílias, mas que tiveram esse envolvimento”
Lucimárcia de Jesus Souza, é coordenadora do pré-assentamento Euníce Adriana, na Bahia. Enquanto mexe o panelão de arroz para não queimar, ela relembra os motivos de ter viajado mais de mil quilômetros para integrar a equipe.
“A gente faz tudo com amor, porque está aqui porque quer. É luta! Estamos aqui para o nosso presidente Lula ser livre!”
A Marcha Nacional Lula Livre teve início no dia 10 de agosto e vai até o dia 15 de agosto, quando os marchantes se encontram em Brasília para acompanhar o registro de candidatura do ex-presidente Lula à presidência da República.