Um dia antes do julgamento do pedido de habeas corpus de Lula, chefe do exército manda recado para a Suprema Corte Brasileira insinuando uma intervenção. O twitter do general foi lido em rede nacional.
A sucessão de golpes políticos que o povo brasileiro vem enfrentando desde 2016, a partir, especialmente, do processo de abertura do impeachment da presidenta Dilma atingiu seu ponto máximo no dia 5 de abril de 2018, com a ordem prisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva expedida pelo juiz Sérgio Moro.
Foi uma vitória acachapante da direita, dos golpistas, contra um ex-presidente legítimamente eleito, que esconde a gritante derrota que iriam sofrer nestas próximas eleições presidenciais, onde Lula lidera em todos os cenários, chegando a 37% das intenções de voto.
Contra fatos e números não há argumentos. Por mais que esteja recheado de contradições como os acordos com PMDB, a repressão durante a copa do mundo e a aprovação da lei anti-terrorista. É de conhecimento público que os 14 anos de governo Lula e Dilma fizeram mais para o povo do que todos os seus antecessores da nova república. Isso para não mencionar o governo militar de de 1964 a 1985 de milagres econômicos e obras faraônicas superfaturadas, que assassinava jornalistas que ousassem denunciar a corrupção do regime.
Ao determinar a prisão de Lula, o golpe branco, de várias fases, que se iniciou com o impeachment de Dilma, atinge seu ponto máximo. O objetivo principal, nesse golpe de múltiplas fases, é tirar da disputa, o principal candidato e favorito para as eleições presidenciais de 2018.
O deleite da direita, nesse golpe de várias fases, é acompanhar a letargia da esquerda que, com discursos p(r)o(f)éticos, cheios de teoria e manifestações óbvias nas redes sociais, não chegam a lugar nenhum. A elite, a direita, estão cada vez mais unidos enquanto que a esquerda multiplica discussões de pouca ação prática.
O que estamos acompanhando é um espetáculo sensacionalista da média-mídia num lastimável jogo de futebol às avessas com explosões brutais de rojões golpistas para derrota do povo, do país.
A esquerda precisa entender e compreender que não se faz acordo com golpistas e o grande capital. Também precisa sair da defensiva e adotar uma agenda pró-ativa com novas pautas como a democratização das concessões de rádio e tv, mecanismos de democracia real e direta para consultar a população de forma vinculante durante os mandatos, eleição para juízes e procuradores, direitos humanos nas periferias e no campo, melhorar a distribuição de renda, revogar todas as medidas do Temer, entre outras.
É preciso ir a campo, virar o placar e impedir o jogo sujo dos golpistas. Bertolt Brecht: “Desses tempos em que falar de árvores é quase um crime, pois implica em silenciar sobre tantos erros – aos que virão depois de mim.”
Não se trata de ser petista, mas de proteger a própria justiça brasileira. A ameaça ao STF em plena rede nacional, com o desfecho que teve – a interferência na decisão da corte, é mais um golpe na frágil democracia brasileira. Cabe a todos os comprometidos com o estado de direito, pessoas do campo progressista, dizer não à prisão de Lula e organizar atos públicos e massivos de desobediência a estas decisões irregulares e injustas. A ação direta não-violenta é um caminho para isso.
Hoje (06/04) o ato ocorrido no sindicato dos metalúrgicos em São Bernardo do campo foi um exemplo. Se fizeram presente diversos movimentos sociais. Movimento negro. Movimento das mulheres, o movimento LGBT. Os movimentos sociais resistiram e mostraram que podem até prender o Lula, mas a luta por uma igualdade em seus diversos sentidos, raciais, econômicos, de gênero e etc, continuará em marcha.
texto por Ângelo Luís e Vinícius Chamlet