Salvador Allende foi um marco para a História da América Latina. O médico, senador e ministro da saúde, o ex-presidente foi eleito pela coligação de esquerda Unidade Popular – que ficou no poder no período de 1970-1973, até o golpe encabeçado por Pinochet.
Suas políticas incluíram a nacionalização das minas de cobre e de serviços de telefonia, além de um maior controle do sistema financeiro (bancos) por parte do Estado. Fez uma reforma agrária. Allende conseguiu chegar ao poder pela via democrática, e não pela força das armas, pela luta armada – como o método defendido por muitas alas da esquerda.
O presidente conseguiu impactar toda a América Latina, demonstrando que era possível uma frente de esquerda chegar ao poder e implementar políticas importantes para a diminuição das desigualdades sociais e melhoria das condições de vida das pessoas mais humildes.
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A Frente Ampla chilena, neste ano de 2017, conseguiu reunir partidos de esquerda nos mesmos moldes da Unidade Popular. Em sua época, tal feito inspirou outras tentativas de unificação da esquerda como “’Union da gauche”, na França.
A Força que a Frente Ampla chilena demonstrou nessas eleições elegendo 20 deputados e tendo 20,27% dos votos para presidente, provou que o modelo de união das esquerdas pode ser significativo nas disputas eleitorais e fazer frente aos setores conservadores que têm ganhado fôlego na América Latina e no mundo.
Há muitas semelhanças entre a Unidade Popular de Allende e a Frente Ampla. A primeira também era uma coalizão de pequenos partidos que propunham uma alternativa para o capitalismo. O que ficou conhecido como “Via Chilena para o Socialismo”, uma versão construída mediante a democracia e o respeito aos direitos civis. Respeito para com as liberdades individuais. Diferentemente do caminho para o socialismo visto nas experiências da antiga União Soviética e China, para citar apenas alguns exemplos. O panorama político chileno, marcado pelo avanço da Frente Ampla, pode ajudar a reverter a maré conservadora e neoliberal que tem dominado a América Latina trazendo esperança e possibilidades de atuação para os partidos políticos de esquerda brasileiros e latino-americanos.