Tradução do Eduardo Vasco,  Diário Liberdade  
 
Pelo gene natural de autodestruição que temos como humanidade. Esse ego próprio, o egoísmo, ou seja, ganhar todo o possível sem se importar que o outro fique sem nada.
 
 A partir desse gene, podemos dividir os diferentes aspectos que nos levam a tentar analisar o comportamento coletivo de nossas sociedades antes da política neoliberal que nos arrasa.
 
Neoliberalismo que sempre esteve presente porque é patriarcal e somos sociedades patriarcais, portanto, os resultados são de domínio, ódio, roubo e manipulação. O patriarcado não é apenas misógino, também é racista e elegante, terrivelmente homofóbico. O patriarcado foi a imposição da mente colonizada generacionalmente; por mais de 500 anos, um mal que se tornou genética de nossa América manchada e graças a essa idiotização em massa, os resultados são angustiantes para as pessoas e miseráveis para os bandidos.
 
Um neoliberalismo que, em nome da fé e das religiões, nos divide entre santos e demônios. Todo mundo que é diferente e se atreve a pensar por si mesmo é malicioso e deve ser punido por sua insolência; o castigo é tirar os direitos, excluí-lo e desaparecer se a sua existência venha a provocar piores nos planos de saque que as mafiosas oligárquicas tenham. Como resultado, as ditaduras no continente e milhares de mortos e desaparecidos.
 
Os santos são aqueles que acompanham a corrente, que, por causa da preguiça ou do conforto, não se atrevem a pensar ou a questionar em voz alta um sistema que os foda também, porque os robotiza, os cobra de mil maneiras, em uma espécie de violência naturalizada porque é sistemática. Um tipo de violência que é constantemente renovada porque é estratégica e busca manter as massas adormecidas, é por isso que a existência do consumismo, das religiões, da poralização dos meios corporativos, do sistema educacional.
 
O neoliberalismo avança no continente porque somos sociedades insensíveis, desumanizadas, hipócritas, desleais. Sociedades que preferem dormir o sonho eterno de viver de aparências em vez de despertar e ser forçado a agir; porque a atuação exige responsabilidade e quem quer ser responsável em uma era de exploração coletiva?
 
A responsabilidade disso é daqueles que sabem, que com a capacidade de analisar, questionar, organizar, preferem dormir a mona, porque beneficia que o sistema exclua alguns e recompensa outros por sobreposição. Você não pode se esconder na ignorância quando se beneficia com o silêncio. Aumentar a voz é uma responsabilidade humana, individual e coletiva.
 
Devemos ser rios despertos, fogueiras, mares em tempestade. Devemos ser semente, eco de montanhas, aldeias de pessoas honradas, devemos ser a chuva que faz crescer a milpa, o fertilizante. O repique constante da Memória Histórica, deixar de ser reboque para ser cimento e adobe. Devemos ser a lava do vulcão quando o inimigo ataque e ter o frescor da flor selvagem quando se trate de abraçar a causa da restauração da América Latina originária.
 
Quem está disposto a viver essa metamorfose?