No último final de semana, dia 30 de setembro e no primeiro dia de outubro ocorreu em São Paulo, na Escola Estadual Oswaldo Catalano – situada na zona leste da capital paulista próximo a estação Tatuapé do metrô e trêm, a Segunda Jornada de Educação Popular.
O evento foi promovido por diversos cursinhos populares e capitaneado pelo cursinho popular Mafalda. Na sua primeira versão (em 2016), a Jornada trouxe mesas de debate sobre educação e política e uma série de rodas de conversa e oficinas que capacitaram os participantes em diversos assuntos.
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O grande diferencial desta edição está em seu locus. Isto é no espaço utilizado. A primeira edição aconteceu em uma universidade privada. Esta, ocorreu em uma escola pública estadual. Ambientes totalmente diferentes. Muitos alunos da escola Oswaldo Catalano participaram e se sentiram a vontade no espaço e dispostos a trocar conhecimento. Muitas pessoas da comunidade ao redor marcaram sua presença.
Para além das barreiras físicas, há outros tipos de barreiras que impedem as pessoas de acessarem certos espaços públicos. Como a sensação de não pertencipento aquele lugar. Um dos exemplos que podemos citar é o da USP. A prestigiosa universidade estadual tem diversas atividades voltadas para a comunidade não universitária – entendemos comunidade universittária como alunos, professores, técnicos e etc, e que por uma série de razões não ocupam este espaço que pertence a todos.
As grandes cidades modernas não tem muralhas físicas, como as medievais. Se olharmos para os mapas de Paris e Londres, por exemplo, veremos o contorno de suas muralhas nos detalhes cartográficos. Apesar das modernas não terem esse tipo de construção há inúmeras barreiras que separam as pessoas entre os espaços. A periferia/centro. O lugar de trabalho/o lugar de lazer.
(Legenda – representação de muralha medieval)
Esta edição da Jornada de Educação Popular trouxe esta aproximação com a comunidade não universitária, que não se sente, muitas das vezes, a vontade em uma universidade. Seja ela pública ou privada. Não se sente parte daquele espaço. Para analisar estas questões poderíamos trazer autores como Pierre Bourdieu e sua categoria de capital cultural. Mas isso deve ficar para outro artigo.
De modo geral, podemos concluir que o evento foi muito enriquecedor trazendo pautas importantes como a da representatividade das populações negras, LGBTQQ+, por exemplo. A educação é transformadora. Os cursinhos populares com uma proposta que vai muito além do ensino técnico para o vestibular, levam o discente a refletir sobre uma série de questões sobre o universo em que está circunscrito.
Qual é o meu papel na sociedade? Será que as desigualdades são naturais ou será que foram construídas históricamente? Será que é possível modificar a realidade em que vivemos? Tais questões ultrapassam o diploma. Constituiem-se em algo de formação para a vida. Talvez não caia no ENEM ou em qualquer outro vestibular, mas certamente fará diferencia na construção de sujeitos pensantes e em seu potencial de impacto em suas famílias, comunidades e em seu país. Rompendo assim com as muralhas modernas