Por Giacomo Vicenzo
Não é incomum se deparar com quem queira encontrar respostas simples e rápidas para problemas sociais complexos, vemos isso em políticas públicas, quando o populismo é adotado como solução ou quando as políticas progressistas são postas de lado em favor de caminhos imediatistas e que agradam uma maior parcela da população.
E essa reação é mais do que esperada, uma vez que estamos englobados em um sistema que preza pela velocidade da comunicação ao meio de transporte. Ser rápido é preciso atualmente, mas não há espaço para reflexões, não há tempo para cura, apenas para o extermínio do problema.
“A tendência ao espetáculo vem se agudizando, sobretudo pela revolução que trouxe o computador para casa das pessoas e também trouxe a possibilidade de indivíduos separados geograficamente estarem juntos. Antes você tinha um racista em um local e outro do outro lado do mundo, com a internet eles encontram um local de interlocução”, alerta Paulo Alexandre de Moraes, mestre em ciências sociais pela PUC-SP e pesquisador do Técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE)
Não que haja uma receita de bolo para criar extremistas ou fanáticos, mas esse sem dúvidas são os primeiros passos para formar cidadãos intolerantes que não conseguem enxergar os outros e tampouco compreender as necessidades das políticas públicas ou sociais.
Amós Oz, o escritor e analista político israelense fez um comentário contundente recentemente ao participar do ciclo de conferências Fronteiras do Pensamento em São Paulo (26/06). Para ele as características que alguém precisa para ser eleito são quase o contrário do que é necessário para liderar uma nação.
Basta pensar, o que é preciso para governar? Ser generoso, ter empatia pelo seu povo, ou pregar violência e intolerância? É possível chegar a uma resposta por meio da violência? A história prova diversas vezes que não.
E neste ponto fica evidente o declínio da democracia com a evolução da indústria cultural, a maior parte dos jovens prefere assistir programas de humor satíricos do que noticiários políticos. Isso se reflete diretamente no entendimento do jovem sobre política e sobre seus ideais como candidatos.
Em abril deste ano Jair Messias Bolsonaro, conhecido por defender ideais de extrema direita saiu à frente nas pesquisas de intenção de voto entre os mais ricos e escolarizados.
Os mesmos dados da pesquisa apontam que seu maior grupo de intenções de voto está entre as faixa etárias de 16 a 24 anos, 20% do grupo e tende cair gradualmente a medida em que a idade do eleitor pesquisado avança. O político é popular nas redes sociais e tornou-se uma espécie de ídolo para muitos jovens.
Fora da região sudeste as intenções de voto se mantem em um patamar de 15% a 17%. Em uma pesquisa rápida no Google é possível conferir que nos últimos 12 meses a palavra “Jair Bolsonaro” foi pesquisada mais vezes no estado de Natal, seguido pelo Rio de Janeiro.
Conquistas e diretos podem ser perdidos
“Desde a constituição de 88 tivemos conquistas civilizatórias, educação universal, saúde para todos, previdência pensada para os mais pobres e infelizmente em um momento de recessão a tendência é desmontar certas coisas” lembra o pesquisador.
Paulo ainda lembra que o sistema previdenciário hoje paga aposentadoria para os mais pobres (BPC/Loas), que têm mais de 65 anos e ainda não conseguiram se aposentar. “A proposta é aumentar a idade para 70 anos, até lá a pessoa pode já ter morrido na miséria, não acredito que seja uma ideia viável.
Internet também é um lugar de política próxima e para todos
Ao mesmo ponto que a internet pode criar uma fonte imensurável de falácias e pessoas desinformadas o meio também produz resistência e sites em que é possível se elucidar sobre seus candidatos e questões políticas, este é o caso do Quero Prévias.
Criado com o propósito de trazer um debate mais aberto no campo político o site traz uma nova maneira de fazer política. Fugindo das disputas internas dos partidos e dando a possibilidade para que a sociedade civil se envolva cada vez mais com os questões em pauta e possa escolher previamente as propostas e candidatos.
A ideia não é fazer pressão no momento da eleição, mas sim construir caminhos para que não haja apenas uma visão unilateral do campo ideológico e que posturas extremistas e conservadoras não ganhem cada vez mais voz em meio à desinformação.
Outro projeto interessante é o recém-criado 342 Agora, no site é possível acompanhar em tempo real os votos da Câmara dos Deputados.
O próprio nome faz referência a quantidade de votos necessárias (342) para que Michel Temer seja afastado do poder. Ao entrar no site é possível conferir um placar que mostra quantos deputados são: “Contra a investigação”, “Estão Indecisos” ou “São a favor da investigação”.
Os visitantes podem conferir nas colunas a escolha de cada deputado por nome e partido e há a opção de enviar uma mensagem individual para cada um deles sobre o voto. Essa é uma forma inteligente de informar e mobilizar eleitores para pressionarem seus candidatos por meio da rede.
Abaixo temos a transmissão feita pelo QuatroV do Quero Prévias 2018 –