Ernesto H. de Casas. Maio de 2017
Como é habitual, neste mês celebramos o Dia do Testemunho, com referencia àquele 4 de maio de 1969 quando Silo deu sua primeira arenga pública . Nela Silo deixou fixadas as bases de seu pensamento, de sua proposta e sua contribuição de forma explícita. E fez isso como um homem comum, livre, que quer se expressar sobre a vida, o ser humano e os acontecimentos do mundo. Tarefa esta que ele já tinha começado anteriormente, declarando: “Os pássaros agourentos de todas as tendências e nações coincidem em afirmar que a humanidade está em seu momento crucial. Seja por temor aos fantasmas externos ou aos pessoais, hoje quem é que não tem dúvidas sobre as possibilidades da sobrevivência humana? “
São muitas as frases que nos chegam ainda hoje daquela prédica, plena de vigência, em especial a que diz:“Este mundo está para explodir e não há forma de acabar com a violência! Não busques falsas portas. Não há política que possa solucionar este afã de violência enlouquecido!”
Isto nós observamos dia após dia pelos meios de comunicação, mesmo que pessoalmente não vivenciemos as guerras absurdas onde a morte acaba sendo naturalizada. É isto que importa modificar!
E foi o que Silo fez naquela histórica arenga quando se expressou com força sobre temas existenciais de grande relevância que vale a pena considerar, como é a grande diferença entre o desejo e a necessidade. Aprender a distinguir o necessário do desnecessário nos permite orientar a nossa existência numa direção eticamente válida que nos encha de sentido, de coerência. Assim expressou metaforicamente Silo naquele dia quando falou de um viajante que para poder prosseguir com a sua viagem devia se desapegar do carro do desejo, de seus enfeites e suas rodas do prazer e do sofrimento, montando apenas sobre seu cavalo chamado necessidade.
Em tempos mais recentes, numa conversa com Mensageiros Silo disse: “Há muitas possibilidades que estão nas pessoas quando elas sentem uma necessidade real de mudança interna”. Palavras tão acertadas e importantes, mas que podem passar despercebidas em meio ao barulho do banal, do efêmero, das coisas vistosas, vãs e transitórias às quais estamos permanentemente expostos.
De maneira que valorizamos decididamente tais propostas de Silo que retomam temas tão cruciais para o ser humano como superar a violência e o sofrimento atendendo às necessidades. Não só às básicas que nos espetam constantemente, mas também àquelas outras como às de afeto, reciprocidade, participação ou comunicação sincera. Além de outras mais internas e valiosas, às vezes desatendidas, como são a coerência vital, mudança interna, paz interior, bons relacionamentos e trato humano. Para isso contamos com numerosos recursos (em leituras, cerimônias, reflexões, intercâmbios ) para pormos em prática.
Talvez isto seja o verdadeiramente importante de levar em conta. Cada celebração nos ajudará a lembrar e reforçar o essencial. Isso faremos, emulando o viajante com aquilo de: “Montou sobre o animal da Necessidade, sobre seu lombo, e começou a galopar pelas verdes pradarias até chegar a seu destino”.
Isto tudo é o que nos concerne e estes atos confirmam o encontro e o propósito.
E agradecemos claro, as últimas palavras daquele belo dia: “Irmão meu, lá na história está o ser humano mostrando o rosto do sofrimento, olha para esse rosto do sofrimento, mas lembra que é necessário seguir adiante, e que é necessário aprender a rir e aprender a amar. A ti irmão lanço esta esperança, esta esperança de alegria, esta esperança de amor, para que eleves teu coração e eleves teu espírito e para que não esqueças de elevar teu corpo ”