Após uma série de manifestações e protestos contra o fechamento da Creche Aberta da USP
O protesto em defesa das creches foi duramente reprimido pela Polícia Militar dentro da Universidade, que atacou covardemente professoras da creche e trabalhadores da USP.
Pais e Professoras da Creche Aberta da USP organizaram ocupação pacífica da Creche
Pelo exposto acima, acreditamos que independentemente dos rumos que a presente Reitoria queira dar para o programa de Creches da USP, é inadmissível que uma unidade de educação infantil com mais de 25 anos de relevantes serviços prestados na comunidade USP seja fechada sem aviso prévio, de forma arbitrária e, principalmente, sem diálogo com todos os envolvidos.
No último protestor realizado dia 11 de março de 2017, diversos estudantes e professores foram agredidos e arrastados por policiais para dentro da reitoria e depois para o Hospital Universitário. Alguns alunos que foram ajudar os feridos receberam voz de prisão dentro do próprio hospital.
Não se trata somente de um ataque brutal aos funcionários, mas também a todo um projeto de universidade pública e gratuita.
O reitor Zago e a Mckinsey querem congelar os gastos da USP, ou seja, juntos querem livrar São Paulo dos custos com a Universidade de São Paulo, tornando-a mais uma instituição de ensino à serviço dos lucros privados.
A proposta, nomeada “Parâmetros de Sustentabilidade da Universidade de São Paulo”, diz que se o gasto com a folha de pagamento estiver acima de 80% do Repasse do Tesouro do Estado, então estão proibidos os reajustes de salários, além disso, também está proibida a contratação de novos funcionários, independente de quaisquer outros critérios ou necessidades da universidade e em confronto direto com os direitos conquistados dos trabalhadores.
Já se o gasto for maior do que 85%, aí a USP pode ir ainda mais longe: deve “eliminar o excedente”, ou seja, exoneração (demissão e eliminação do cargo) de funcionários concursados! Além disso, o pacote de Zago prevê que 40% do quadro de servidores devem ser de docentes, no entanto, para que essa proporção fosse ajustada hoje seria preciso demitir mais 5.000 funcionários, que hoje fazem funcionar diversos laboratórios, museus, creches, etc.
Esse pacote proposto para o próximo CO é o ponto final de uma gestão marcada pela anti-democracia e pela destruição da Universidade de São Paulo: ataque e perda dos espaços estudantis e do sindicato, demissão de funcionários e perda de salário, fim da eleição democrática para representação discente, cortes em permanência e pesquisa, fechamento da creche, acobertamento de violência machista no campus e, agora, um pacote de premissas para conter gastos às custas da precarização do ensino, da pesquisa e da extensão. Tudo isso, sem que se possa mudar ou revogar até 2022, a não ser que se tenha ⅔ dos membros do Conselho Universitário.
O reitor do não-diálogo quer aprovar o seu pacote de atrocidades sem nenhuma consulta aos estudantes, funcionários e professores, enquanto ele e a burocracia universitária mantém os seus privilégios e enquanto gasta 632 mil reais para cercar o espaço da ECA (Faculdade de Comunicação e Artes).
Por um lado, tenta se apoiar em um Conselho Universitário em que ⅓ da sua composição é de dirigentes de fundações privadas e que desrespeita a Lei de Diretrizes e Bases que exige 15% de representação discente, por outro, quando perde, como na votação a respeito do fechamento da Creche Oeste, dá um golpe como quem se acha rei.
Inaceitável. Mas nós, do outro lado da grade, não aceitamos o pacote de atrocidades de Zago e Mckinsey e, junto aos alunos que estão ingressando agora na universidade, nos posicionaremos em defesa dos nossos direitos, pela democratização da USP e por uma saída à crise que respeite os nosso direitos e a função da educação pública, pelo diálogo construtivo da reitoria com a comunidade universitária e a sociedade e pela busca de um financiamento público viável!