Ocorreram atos públicos em todas as capitais, paralisações de diversas categorias em protestos contra a Reforma da Previdência que se encaminha.
O argumento do governo é que a Previdência social é deficitária e está falida porque suas regras não acompanharam o aumento da expectativa de vida do brasileiro. Tese essa contestada por diversos especialistas.
Segue um link de uma entrevista do blogueiro Leonardo Sakamoto com especialistas sobre o assunto: https://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2017/03/15/reforma-deveria-ajustar-e-nao-destruir-a-previdencia-dizem-especialistas/
Entre outras coisas o governo não menciona que diversas empresas acumulam bilionárias dívidas com o INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social). Ao mesmo tempo, contra a vontade, acreditem, do Ministro do Trabalho, foi obtida e divulgada através da Lei de Acesso à Informação (LAI), a “Lista de Transparência sobre Trabalho Escravo Contemporâneo” que revela as empresas que foram autuadas em decorrência de caracterização de trabalho análogo ao de escravo e que tiveram decisão administrativa final.
Segue o link da lista: https://conteudo.imguol.com.br/blogs/61/files/2017/03/Lista-de-Transparência_-dez2014-2016.pdf
A reforma previdenciária impõe aos trabalhadores uma perspectiva de aposentadoria integral inalcançável para amplas categorias. Por exemplo, para um trabalhador obter a aposentadoria integral necessitaria que trabalhar contribuindo durante 49 anos. O mínimo para se aposentar deveria ter a idade mínima de 65 anos e ter trabalhado um mínimo de 25 anos, para obter 60% do salário integral.
Ou seja, não se espera que ninguém vá se aposentar integralmente, até porque no Brasil após os 50 anos dificilmente se consegue emprego em muitas categorias. Tudo leva a crer que a Reforma atende ao lobby dos bancos e planos de seguro e de previdência privada.
Não será fácil obter a aprovação na Câmara de uma reforma tão impopular, principalmente no ano véspera de eleições do Legislativo Estadual e Federal. Com isso, o governo parece ter recorrido a uma notória manobra de distribuir cargos e obter apoio de maioria dos congressistas em Brasília e garantir a aprovação da reforma.
Nesse contexto que foram organizadas diversas manifestações, greves de professores e de outras categorias, em diversas cidades pelo país, para evitar essa aprovação.
Na capital do Rio de Janeiro diversas categorias, principalmente os professores das redes públicas e privadas iniciaram uma greve. No Ato estavam presentes diversas entidades de classe, sindicatos, movimentos sociais, partidos e pessoas de diversas idades em bom clima. Contava com um volume entre 50 e 100 mil pessoas.
O ato finalizou em frente à estação de trem Central do Brasil, simbólico para o trabalhador.
Nesse momento de concentração a polícia deu início ao clima tenso. Um grupo de anarquistas revidou. Houve inclusive um desentendimento entre a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e os anarquistas, por pensarem que o ataque teria surgido deles. Depois esse clima se diluiu.
Mas, já era tarde a polícia continuou a jogar bombas de gás lacrimogêneo para dispersar a multidão.
Seguiu pela noite os confrontos entre polícia e anarquistas, que faziam uso das táticas Black Bloc, tendo com algo vidraças de bancos e edifícios corporativos.
É a quarta vez que a polícia lida com essa mesma situação, no mesmo local. Não acredito que eles não fossem capazes de deter a destruição. Isso faz parecer que é intenção da polícia gerar esse clima de destruição e caos desenfreável. Talvez para justificar endurecimento de leis e tipificação de terrorismo para atos desse tipo, e com apoio da sociedade. Aguardemos o desdobramentos.
O ano de 2017 será marcado por intensa luta. Os ataques aos direitos tem sido constantes, são afrontosos e comprometem o futuro de amplos setores da sociedade que vêm a qualidade de vida, obtida na última década, ameaçada. O que gera uma sensação geral de muita insegurança. Oxalá isso motive a uma incansável luta por direitos e total rejeição a retrocessos.
Seguem os registros.
Primeiro um vídeo com a panorâmica e a seguir as fotos do ato: