O presidente da Bolívia, Evo Morales, afirmou nesta sexta-feira (28/10) que está ocorrendo um golpe na Venezuela e expressou seu solidariedade ao mandatário venezuelano, Nicolás Maduro.

“Há uma aberta conspiração dos EUA contra a Revolução Bolivariana da Venezuela, um golpe (…). Quero expressar toda nossa solidariedade, todo nosso apoio ao companheiro presidente Nicolás Maduro e ao povo irmão, bolivariano e chavista da Venezuela, perante as atuais investidas por parte da direita internacional”, disse Morales à imprensa após uma reunião com a chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez.

O chefe de Estado boliviano também afirmou que o julgamento de responsabilidade política aberto contra Maduro pela Assembleia Nacional venezuelana, dominada pela oposição, é inconstitucional.

Morales ainda disse estar passando, da mesma maneira, por uma “conspiração econômica impulsada desde fatores internacionais que buscam desestabilizar a economia da Bolívia”.

Já Delcy Rodríguez agradeceu o respaldo de Morales ao “governo democraticamente eleito de Maduro, bem como ao povo venezuelano”, e a “oportunidade” de poder “compartilhar de maneira direta os acontecimentos que presenciamos e transmitir nossa experiência e verdade desde aqui”.

Venezuela

Após o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano declarar a suspensão do processo de abertura do referendo revogatório do mandato de Maduro, previsto para acabar em 2019, a Assembleia Nacional abriu um julgamento de responsabilidade política contra o presidente e disse que declararia o abandono do cargo, apesar de ter sido destituída de seus poderes jurídicos em setembro pelo Tribunal Supremo de Justiça do país.

Diante desse cenário, a população foi às ruas contra e em apoio ao mandatário. Manifestações, violentas e pacíficas, têm acontecido todos os dias em diversas cidades.

A promotora-Geral da Venezuela, Luisa Ortega Díaz, informou nesta sexta que, até o momento, 96 pessoas que participavam dos protestos convocados pela oposição foram presas: 90, por delitos comuns, e seis, por suposta violação de direitos fundamentais.

No Estado de Miranda, onde o governador, Henrique Capriles, é um dos líderes da coalizão opositora MUD (Mesa da Unidade Democrática), um policial foi morto. Em Zulia, houve uma tentativa de homicídio. As autoridades registraram 82 feridos ao todo, sendo 26 deles funcionários públicos e militares.

A oposição convocou um novo protesto para esta sexta, uma greve geral em que todos devem permanecer em suas casas e deixar “as ruas vazias e desertas”. A MUD e seus apoiadores demandam a restauração do processo revogatório e já afirmaram que, caso ele não seja retomado, marcharão juntos em direção ao Palácio de Miraflores no dia 3 de novembro, mesmo dia em que a Assembleia disse que iria declarar abandono de cargo da Presidência.

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