Guerrilha afirmou já ter reunião marcada com governo nesta semana; autoridades haviam pedido que ELN libertasse sequestrados para iniciar diálogos
O ELN (Exército de Libertação Nacional), segunda maior guerrilha na Colômbia depois das FARC (Forças Armadas Revolucionárias Colombianas), comentou nesta terça-feira (04/10) o resultado do plebiscito de domingo (02/10), em que a população colombiana votou contra o acordo de paz com as FARC, e manifestou interesse em dar início aos diálogos de paz com o governo, passando para a fase pública de negociações.
“Neste difícil momento para a Colômbia, o ELN reafirma a decisão irrevocável de passar à fase pública e cumprir com a agenda estipulada em março”, publicou a guerrilha no Twitter de sua rádio oficial, Ranpal (Rádio Oficial Pátria Livre). A guerrilha afirmou que “mantém a decisão” de se comprometer com superar “qualquer dificuldade que se apresente e chama o presidente Santos com o mesmo propósito”.
“Esperamos dar boas notícias nos dias vindouros a toda a sociedade colombiana sobre os diálogos com o governo”, afirmou o grupo por meio de sua própria conta no Twitter. A guerrilha anunciou na mesma página já ter uma reunião marcada com o governo colombiano.
Pela rede social, o ELN fez uma grande convocatória, para os “setores populares e classe média da cidade e do campo; vítimas do conflito social e armado, movimentos e partidos políticos de esquerda, democráticos e de centro; revolucionários, povos indígenas, negros, mulheres e LGBTI”, entre outros, para buscar “uma solução política” e, finalmente, a paz.
“Sem o protagonismo popular e social, não é possível conseguir a paz”, afirmaram no Twitter.
No dia 30 de março, o ELN e o governo colombiano anunciaram em Caracas, capital da Venezuela, o início de uma fase pública de diálogos de paz.
Estes, porém, só seriam de fato abertos após a solução de alguns “temas humanitários”, como o fim dos sequestros. Como consequências, essa primeira fase ainda não começou, visto que o ELN ainda não libertou todos seus sequestrados.
Na semana passada, o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, já havia expressado interesse em negociar com os representantes da segunda maior guerrilha do país. “Se liberam os sequestrados, na mesma semana podemos anunciar o que começa a fase pública de negociações porque já temos com o ELN um 50% da negociação, que é a agenda de pontos”, disse Santos no último dia 28.
Na ocasião, o ELN havia declarado um cessar-fogo unilateral pelo resto da semana para permitir que a população pudesse votar no plebiscito de domingo. Sobre o acordo de paz do governo com as FARC, a guerrilha afirmou respeitá-lo, mas que não concordava com seus termos.
Plebiscito do acordo de paz entre governo e as FARC
No Twitter da Ranpal, o ELN também comentou os resultados do plebiscito de domingo, que poderia ter colocado em vigor o acordo de paz entre as FARC e governo — dando fim a um conflito de mais de meio século.
“Os adversos resultados do plebiscito deixam claros os obstáculos para o avanço da paz”, disse o grupo por meio da rede social em referência, não só àqueles que votaram contra o acordo com as FARC, mas àqueles que se abstiveram de votar.
“Mais de 62% da população apta para votar não o fez, o que dá conta da grave crise da democracia colombiana. Os resultados do plebiscito são quase um empate técnico que mostra a força que têm os inimigos da paz”, afirmou o ELN.